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INFÂNCIA
Idade inicial
para emprego
cria polêmica
da Reportagem Local
Entidades que defendem os direitos das crianças e dos adolescentes temem que o aumento da
idade mínima para o emprego de
menores prejudique o combate ao
trabalho infantil.
A Constituição de 1988 proibia o
trabalho de menores de 14 anos,
salvo como aprendizes, a partir
dos 12 anos. Com a emenda constitucional de 16 de dezembro de
1998, embutida na reforma previdenciária, os limites foram elevados para 16 e 14, respectivamente.
A medida ultrapassa o limite fixado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), que proíbe
o trabalho de menores de 15 anos
por meio da Convenção 138
-não-ratificada pelo Brasil.
"Em princípio, a alteração é
boa. O problema é que não houve
debate a respeito e a estrutura do
país é precária", afirma Charles
Pranke, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente.
Segundo ele, a alteração não tem
efeito sem a garantia de educação
e assistência social até os 16 anos.
"É preciso haver políticas públicas e ações da sociedade que garantam a educação e a qualificação
profissional do adolescente, além
de programas de renda mínima
para a família que precisa do seu
trabalho", diz Oris de Oliveira,
professor de Direito do Trabalho
da Universidade de São Paulo e
consultor da OIT.
Para o empresário Sérgio Mindlin, presidente da Fundação
Abrinq, os jovens entre 14 e 16
anos que precisam ajudar no sustento da família vão acabar entrando no mercado informal.
"Eles não vão ter nenhuma proteção legal em relação ao emprego".
Mindlin diz acreditar que o Brasil não tem hoje condições de sustentar essa população fora do trabalho. "A medida veio na hora errada e contribui mais para aumentar o problema do trabalho infantil
que para resolvê-lo", diz.
O secretário-executivo do Ministério da Previdência, José Cechin, afirma que a medida foi proposta para "alongar o período mínimo de educação, a fim de que o
jovem possa chegar mais preparado ao mercado de trabalho".
Cechin rebate as críticas de que a
nova idade mínima possa dificultar o combate ao trabalho infantil.
"Ela impõe sobre o Estado o dever
de se aparelhar para que de fato
cada criança até 16 anos tenha a
oportunidade de estudar e que a
família tenha o sustento mínimo
para mantê-la na escola até essa
idade."
(KÊNYA ZANATTA)
Esta coluna é elaborada em parceria com a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, rua Lisboa, 224, Jardim América, CEP 05413-000, tel.
(011) 881-0699. E-mail: info@fundabrinq.org.br
Home page: www.fundabrinq.org.br
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