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SAÚDE
Bristol Squibb "furou" acordo feito com o governo de não aumentar valores no mesmo dia em que ele foi firmado
Laboratório sobe preço de 32 remédios
RODRIGO VERGARA
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
O laboratório Bristol Myers
Squibb do Brasil aumentou os preços de 32 medicamentos em 1º de
fevereiro, no mesmo dia em que a
indústria farmacêutica se comprometeu com o governo a não repassar ao consumidor, neste mês, os
aumentos de custos decorrentes
da desvalorização do real.
Mas não vai receber nenhuma
punição por isso. Nem do governo,
nem das entidades de classe da indústria farmacêutica.
O Ministério da Fazenda, com
quem o setor firmou o compromisso, informou que não considera o aumento um "descumprimento" do acordo. Mas reuniu-se com
representantes do Bristol, na segunda-feira.
A reunião não suspendeu os aumentos. O saldo do encontro foi
que o Bristol prometeu ao governo
não fazer novos aumentos até março e, provavelmente, abril, quando
os demais fabricantes de medicamentos poderão repassar seus aumentos de custos aos consumidores, em prestações.
Foram três aumentos em menos
de 12 meses. No reajuste deste mês,
os produtos do Bristol subiram até
11,14%, caso do Taxol 30 mg injetável. Desde outubro, data do aumento anterior, a inflação acumulada foi negativa (-0,04%), segundo a Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas da USP).
Antes disso, o preço do produto já
havia subido em abril, junto com
outros 27 itens do laboratório.
Walter Ricca Júnior, diretor de
assuntos corporativos do Bristol,
disse que o aumento de 1º de fevereiro havia sido programado com
antecedência e divulgado no dia 20
(cinco dias depois da liberação do
câmbio). Segundo ele, "não seria
possível voltar atrás com os valores
que estão hoje na praça".
O Bristol não pôde, mas outros
dois laboratórios que tinham programado aumentos para o dia 1º
voltaram atrás no dia 2. Algumas
distribuidoras tiveram que remarcar os produtos, e uma edição inteira da revista da associação das
farmácias, que traz lista dos preços, foi jogada fora.
O motivo do aumento, disse Ricca Júnior, foi mesmo a desvalorização do real. Segundo ele, o setor
farmacêutico é "mais sensível" à
alta do dólar.
O governo federal concorda. Essa situação ocorre porque a maioria dos produtos da indústria farmacêutica é importada pronta ou
produzida no Brasil com matéria-prima importada.
Com o acordo, o governo quer
evitar que os laboratórios promovam aumentos enquanto o câmbio
não se estabiliza.
Além do Bristol, participaram da
reunião da segunda-feira os laboratórios Akzo Organon e Wyeth
Whitehall, que promoveram aumentos em 18 de janeiro, três dias
depois da liberação do câmbio.
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