São Paulo, Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 1999
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Jovens que mataram índio não poderão cursar universidade

WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília

Presos há dois anos, os quatro jovens que incendiaram e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos passaram no vestibular da Universidade Católica de Brasília, mas não vão poder fazer os cursos.
Eles fizeram as provas com escolta policial, no presídio da Papuda, vizinho do Núcleo de Custódia de Brasília, onde estão presos, à espera de julgamento.
Antônio Novélly Cardoso de Vilanova, filho do juiz Antônio Novélly de Vilanova, foi aprovado em direito. Max Rogério Alves foi aprovado em economia, Eron de Oliveira, em administração, e Tomás Oliveira, em educação física.
As informações foram prestadas pelo diretor-geral interino do Núcleo de Custódia, Brás Justino da Costa. Nem os presos nem seus parentes dão entrevistas.
Segundo Justino, os quatro são os presos de melhor comportamento do presídio. Eles estão presos na mesma cela, sozinhos, num dos cinco pavilhões do Núcleo de Custódia, que tem mais 142 presos.
Justino negou que um deles tenha ficado doente ou que estejam sendo submetidos a péssimas condições carcerárias, como afirmou o ministro do Superior Tribunal de Justiça Edson Vidigal, anteontem, durante o julgamento em que se decidiu que serão levados a um tribunal do júri.
Ao todo, o Núcleo de Custódia abriga 1.021 presos, embora tenha capacidade para apenas 778. Foi construído para presos que aguardam julgamento, mas a maioria (mais de 700) já está condenada.
Justino disse que não há como separar os presos por grau de periculosidade, por isso os rapazes convivem com todos os presos. Enquanto a Folha estava no presídio, um pedreiro que trabalha na construção de um novo pavilhão foi atacado por um preso, que lhe cortou o pescoço. O pedreiro foi levado sangrando para a enfermaria.

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