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Curitiba transforma rodovia em via com corredor de ônibus e conceito ambiental
JAMES CIMINO
DA REDAÇÃO
Preso em um dos engarrafamentos de São Paulo, qualquer motorista poderia imaginar como seria bom atravessar a cidade em linha reta,
numa avenida com poucos
semáforos e com edifícios
cercados de árvores. Poderia
ser de bicicleta ou em ônibus
não-poluentes, que não disputariam espaço com os carros. Esse lugar existe, chama-se Linha Verde e teve seu
primeiro trecho implantado
em Curitiba em dezembro.
A obra toda, que até agora
custou R$ 121 milhões, deve
ser concluída em novembro,
transformando o trecho urbano da BR-476, que divide a
cidade de norte a sul, na
maior avenida da região,
com cerca de 18 km de extensão -quase o tamanho da
avenida Sapopemba (a maior
de SP), que tem 22 km.
A via terá seis pistas para
automóveis, duas marginais
com estacionamentos e um
corredor de ônibus, além de
ciclovia. Mas o que a caracteriza é seu conceito ambiental, que inclui o plantio de
5.000 mudas de árvores e
800 mil de plantas floríferas,
o uso do biocombustível nos
ônibus e o aproveitamento
da água da chuva para limpeza das estações de embarque.
A obra ainda resolve um
problema de integração.
"Nos anos 1990, 35% da população de Curitiba [600 mil
pessoas] já vivia nessa região,
enfrentando dificuldades para atravessar a rodovia", diz o
engenheiro Clever Ubiratan
Teixeira de Almeida, presidente do Ippuc (Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), órgão responsável pelo projeto.
O prefeito Beto Richa
(PSDB) diz que a prefeitura
também investiu na região
para criar um novo eixo de
transporte público na cidade, que já apresenta pontos
de saturação.
Estima-se que, com a a primeira linha de ônibus, prevista para operar a partir
deste mês, cerca de 35 mil
passageiros mudarão seu
trajeto para a nova avenida.
"Em 18 km, teremos apenas
13 estações de embarque e 12
conjuntos de semáforos. Por
isso, haverá uma redução do
tempo para chegar ao centro
[de ônibus] de cerca de
25%", diz Almeida.
A prefeitura também permitirá a construção de prédios residenciais e comerciais, sobretudo no entorno
das estações, para que sejam
áreas de comércio e serviços.
Embora abranja vários aspectos urbanísticos, o urbanista Orlando Pinto Ribeiro,
da Universidade Positivo,
critica certas concepções do
projeto. "O discurso era integrar os dois lados, mas [a via]
continua sendo uma barreira, já que tem 70 m de largura. Imagine um cadeirante
atravessando essa via?"
Outra crítica é o reduzido
número de viadutos, o que
dificultaria a travessia de
veículos e criaria gargalos.
O diretor do Ippuc diz que
o projeto não visa solucionar
o problema do tráfego de veículos. "Seria complicado fazer viadutos, pois traria um
ambiente desfavorável à integração do transporte público, que é uma de nossas
prioridades. Ele vem antes
do transporte individual."
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