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MEIO AMBIENTE
Levantamento revela que, das 92 unidades do Estado, só 6 têm condições mínimas de funcionamento
Rio ignora áreas de preservação ambiental
WILSON TOSTA
da Sucursal do Rio
Quase cinco anos após a realização, em território fluminense, da
Rio-92, um levantamento da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa concluiu que,
das 92 unidades de conservação
ambiental localizadas no Estado,
apenas 6 apresentam condições
mínimas de funcionamento.
Inexistência de planos diretores
e de limites demarcados, falta de
pessoal, favelização e insuficiência
de verbas são alguns dos problemas que, segundo o presidente da
comissão, deputado Carlos Minc
(PT), fazem com que a maioria das
áreas (federais, estaduais e municipais) exista ``apenas no papel''.
Segundo os dados, podem ser
considerados instalados e funcionando o Parque Nacional da Serra
dos Órgãos, a Reserva Biológica do
Tinguá, o Parque Estadual da Ilha
Grande, a Reserva Biológica da
Praia do Sul, o Parque Ecológico
Chico Mendes e a Área de Tombamento da Enseada do Sono.
Constituição
Apesar de a Constituição fluminense determinar que as unidades
do Estado fossem demarcadas e
regularizadas até outubro de 1992,
isso não foi feito até hoje.
A Carta também ordena que, todo ano, 20% dos royalties do petróleo sejam aplicados nas áreas
ambientais do Estado, o que também não ocorreu.
``No ano passado, a Petrobrás
pagou ao Rio R$ 215 milhões. Disso, 20% equivaleria a mais de R$ 40
milhões, mas, pelo que apuramos,
em 96, só R$ 1 milhão foi repassado para as áreas ambientais. O resto foi para o caixa do Estado.''
Minc diz que pedirá ao Tribunal
de Contas do Estado uma auditoria no Fecam (Fundo Estadual de
Conservação Ambiental), por onde o dinheiro deveria passar. Ele
lembra que o Estado abriga uma
das duas áreas do país consideradas reservas ricas em biodiversidade, com parte do que resta da Mata
Atlântica.
Autor dos projetos que resultaram na criação de três unidades de
conservação estaduais até hoje não
implantadas -Tiririca, Mendanha/Gericinó e Mata do Carvão-
Minc diz que se recusa a propor a
criação de novas áreas, antes que
as já existentes sejam viabilizadas.
Dificuldades
O subsecretário estadual de Meio
Ambiente, Carlos Henrique Abreu
Mendes, diz que as unidades de
conservação federais, estaduais e
municipais sempre enfrentaram
dificuldades para resolver rapidamente os seus problemas, devido à
sua dependência em relação aos
governos para obter verbas.
Mendes diz que pretende discutir ainda esta semana com o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis), Eduardo
Martins, a situação das unidades
de conservação fluminenses.
No cargo há menos de um mês, o
subsecretário quer debater com o
Ibama a possibilidade de obter recursos internacionais e privados
para ajudar a sustentar as áreas.
Uma das possibilidades, segundo ele, seria a administração integrada das unidades federais e estaduais próximas, como, por exemplo, as regiões de Desengano (estadual) e Serra dos Órgãos (federal).
O subsecretário diz que a secretaria está apurando o que aconteceu com o Fundo Estadual de Controle Ambiental.
Para Mendes, é necessário que as
unidades tenham fontes de recursos permanentes e próprias, provavelmente cobrando ingressos.
``Minha proposta é tratar dos problemas de infra-estrutura, e, depois, chamar a população de volta
e estabelecer um preço.''
Ibama
O superintendente regional do
Ibama, Paulo Braga, diz que o órgão sofre com problemas de falta
de dinheiro e de servidores.
Segundo ele, os quadros da instituição são formados por ex-servidores do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal, Superintendência de Desenvolvimento
da Hevea (borracha), Secretaria do
Meio Ambiente e Superintendência de Desenvolvimento da Pesca,
que se fundiram ao Ibama.
``Temos as atribuições que eram
de todos esses órgãos'', diz. ``São
135, é o órgão que mais tem atribuições no Brasil.''
É o mesmo problema do presidente do IEF (Instituto Estadual de
Florestas), Ronald Ázaro. ``Temos
de 90 a 95 funcionários, para cuidar de tudo, incluindo quatro parques estaduais.''
O secretário municipal de Meio
Ambiente, Maurício Lobo, pretende propor, ainda este ano, que os
parques (Bosque da Barra, Zoobotânico Marapendi e da Cidade) tenham administradores próprios,
com equipes de apoio.
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