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Parque nunca foi demarcado
da Sucursal do Rio
Quinze mil mudas cobertas por
mato, seis fiscais para cuidar de
125 milhões de metros quadrados
de área, 50% de área desmatada.
Assim agoniza o Parque Estadual
da Pedra Branca, objeto, em 1991,
de um dos sonhos do senador
Darcy Ribeiro (PDT-RJ), que queria combinar ali reflorestamento e
educação ambiental.
O parque foi criado em 1974, mas
nunca chegou a ser demarcado.
Lançado 17 anos depois, o Projeto
Floresta da Pedra Branca incluía
uma área na colônia Juliano Moreira (clínica para doentes mentais
limítrofe ao parque) onde deveriam ser produzidas mudas de árvores para reflorestamento.
Seis anos após seu lançamento
festivo, o projeto está parado. Dois
fiscais tomam conta do lugar
-um pela manhã, outro à noite.
Funcionários da colônia, que deveriam cultivar plantas medicinais, não tem o que fazer. ``Olho
para a paisagem, faço terapia'', diz
a servidora Maria Amélia Mattei.
Segundo Marcelo Soares dos
Santos, da ONG (organização
não-governamental) Defensores
da Terra, o projeto de Darcy, implantado a partir de 1993, começou
a se desfazer em 1995.
O quadro de desolação inclui a
cobertura, por arbustos de um metro de altura, dos canteiros nos
quais ficavam o viveiro para produção de humus de minhoca, as
sementeiras, a estufa e o campo de
mudas.
Mas o fracasso do sonho de
Darcy, morto em fevereiro, é apenas parte dos problemas da área,
que se estende pelos bairros de Jacarepaguá, Bangu, Campo Grande
e Guaratiba e abriga o ponto culminante do município, o pico da
Pedra Branca, com 1.025 m.
Na única entrada controlada do
parque, pela estrada da Pedra
Branca, há apenas dois fiscais florestais, trabalhando como vigilantes do patrimônio material do IEF.
A menos de cem metros da entrada
oficial do parque, à beira do rio
Grande, está a favela do Pau da Fome, uma comunidade com cerca
de 120 famílias. Em fevereiro do
ano passado, a enxurrada causada
pelas fortes chuvas matou oito
pessoas na comunidade.
De acordo com Santos, a ocupação humana do parque já chega a
12% da área. Há também, diz, problemas de desmatamento causado
por agricultores, pedreiras e caçadores de mamíferos ameaçados de
extinção (pacas, cotias, tatus, tamanduás, macacos-prego e até jaguatiricas) e de pássaros.
(WILSON TOSTA)
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