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Grupo encena
via-sacra com
Cristo negro e
Pilatos branco
da Sucursal de Brasília
A paróquia de Santa Luzia em
Samambaia (40 km de Brasília)
encenou ontem a crucificação de
um Cristo negro por um Pilatos
branco. Na via-sacra de Samambaia, a população pedia a Pilatos
"saúde, trabalho, educação e
guerra ao desemprego".
A encenação foi produzida pelo
grupo de teatro popular Tucum
de Samambaia e encenada por 52
pessoas da comunidade local sem
experiência em teatro. Para os
membros do grupo, um Cristo
loiro de olhos azuis corresponde
à visão européia da Bíblia, e um
Cristo negro representa mais fielmente a realidade brasileira.
"Eu acredito que Cristo tem de
representar a cara do povo. A dramatização é uma maneira popular de chamar a atenção para os
problemas da comunidade, e eu
fico feliz que esse grupo tenha
causado tanta repercussão", disse
o padre Alberto Trombini, que
apoiou o grupo Tucum.
Na encenação, além de Cristo,
Judas também foi representado
por um ator negro. Pilatos e sua
mulher eram brancos. "Os opressores frequentemente são brancos", disse o padre.
No calvário, o cenário chamava
a atenção para a violência no Brasil. Cartazes citavam o índio Galdino, queimado por um grupo de
garotos em Brasília, a chacina dos
meninos de rua da Candelária, o
herói negro Zumbi e os sem-terra
mortos em Eldorado dos Carajás.
(CRISTIANE FERNANDES)
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