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Inquéritos do PCC avançam pouco em 1 ano
Apenas 16% dos assassinatos e tentativas ocorridos na capital paulista durante a onda de violência foram esclarecidos
Governo divulgou ontem total de mortos nos ataques de maio de 2006: 43 agentes de segurança do Estado, cinco civis e 92 "criminosos"
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano depois do início da
maior onda de violência no Estado de São Paulo, as investigações sobre os responsáveis pelos ataques às forças de segurança avançaram muito pouco.
Dos casos de assassinatos e tentativas de "autoria desconhecida" ocorridos na capital, a
maioria deles (83,91%) continua cercada por mistério.
Ao todo, de acordo com o governo, foram instaurados 87 inquéritos policiais e, desses, apenas 14 têm seus autores conhecidos hoje pelas autoridades.
Desses 14 casos, só seis têm relação comprovada com ataques
promovidos pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando
da Capital).
Entre 12 e 19 de maio de
2006, período mais crítico da
violência propagada pelo PCC,
493 pessoas foram assassinadas a tiros no Estado, entre policiais, agentes penitenciários,
bombeiros, criminosos e cidadãos comuns -vítimas de criminosos, mas também de policiais e dos chamados "grupos
de extermínio", que agiram em
nome de uma suposta reação.
Dentro dessas 493 mortes
(inclusive crimes comuns, como uma briga de vizinhos) no
Estado todo, 114 passaram a ser
investigadas pelo DHPP (departamento de homicídios, que
cuida só de casos sem autores
conhecidos) porque aconteceram na capital e apenas sete delas foram esclarecidas até hoje.
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
disse ontem não saber o resultado das investigações sobre os
outros homicídios intencionais, cujos autores são desconhecidos nas outras regiões do
Estado e que também ocorreram entre 12 e 19 de maio.
Pela primeira vez desde a onda de violência, o governo divulgou o número total de mortos nos ataques de maio de
2006: foram 140 pessoas. Dessas, 43 eram agentes de segurança do Estado, cinco, civis e
92 apontados pelo governo como criminosos, que teriam sido
mortos em casos de resistência.
Ontem, ao ser questionado se
tinha certeza de que os 92 mortos pela polícia podem ser tratados como "criminosos", Marzagão disse que era melhor chamá-los de "suspeitos".
Hoje, sabe-se, por exemplo,
que policiais da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar),
tropa de elite da PM paulista,
são réus em um processo pelas
mortes de dois homens em
Guarulhos (Grande São Paulo),
na noite de 13 de maio. Os PMs
foram acusados de armar um
tiroteio para tentar justificar os
assassinatos como sendo em
caso de confronto com o PCC.
Durante as três ondas de ataques promovidos pelo PCC, 172
pessoas foram mortas em todo
o Estado -110 delas foram chamadas pela Secretaria de Segurança Pública de "criminosas";
sete eram civis e 55, agentes das
forças de segurança.
Ao todo, o PCC promoveu
1.325 atentados durante as três
ondas de ataques no Estado
(maio, julho e agosto). De acordo com o que o governo revelou
ontem, 625 pessoas (sendo 120
adolescentes) foram presas
acusadas pelos ataques. Hoje,
191 (30,5%) já estão em liberdade e 314 continuam presas.
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