São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Inquéritos do PCC avançam pouco em 1 ano

Apenas 16% dos assassinatos e tentativas ocorridos na capital paulista durante a onda de violência foram esclarecidos

Governo divulgou ontem total de mortos nos ataques de maio de 2006: 43 agentes de segurança do Estado, cinco civis e 92 "criminosos"

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um ano depois do início da maior onda de violência no Estado de São Paulo, as investigações sobre os responsáveis pelos ataques às forças de segurança avançaram muito pouco. Dos casos de assassinatos e tentativas de "autoria desconhecida" ocorridos na capital, a maioria deles (83,91%) continua cercada por mistério.
Ao todo, de acordo com o governo, foram instaurados 87 inquéritos policiais e, desses, apenas 14 têm seus autores conhecidos hoje pelas autoridades. Desses 14 casos, só seis têm relação comprovada com ataques promovidos pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Entre 12 e 19 de maio de 2006, período mais crítico da violência propagada pelo PCC, 493 pessoas foram assassinadas a tiros no Estado, entre policiais, agentes penitenciários, bombeiros, criminosos e cidadãos comuns -vítimas de criminosos, mas também de policiais e dos chamados "grupos de extermínio", que agiram em nome de uma suposta reação.
Dentro dessas 493 mortes (inclusive crimes comuns, como uma briga de vizinhos) no Estado todo, 114 passaram a ser investigadas pelo DHPP (departamento de homicídios, que cuida só de casos sem autores conhecidos) porque aconteceram na capital e apenas sete delas foram esclarecidas até hoje.
O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, disse ontem não saber o resultado das investigações sobre os outros homicídios intencionais, cujos autores são desconhecidos nas outras regiões do Estado e que também ocorreram entre 12 e 19 de maio.
Pela primeira vez desde a onda de violência, o governo divulgou o número total de mortos nos ataques de maio de 2006: foram 140 pessoas. Dessas, 43 eram agentes de segurança do Estado, cinco, civis e 92 apontados pelo governo como criminosos, que teriam sido mortos em casos de resistência.
Ontem, ao ser questionado se tinha certeza de que os 92 mortos pela polícia podem ser tratados como "criminosos", Marzagão disse que era melhor chamá-los de "suspeitos".
Hoje, sabe-se, por exemplo, que policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM paulista, são réus em um processo pelas mortes de dois homens em Guarulhos (Grande São Paulo), na noite de 13 de maio. Os PMs foram acusados de armar um tiroteio para tentar justificar os assassinatos como sendo em caso de confronto com o PCC.
Durante as três ondas de ataques promovidos pelo PCC, 172 pessoas foram mortas em todo o Estado -110 delas foram chamadas pela Secretaria de Segurança Pública de "criminosas"; sete eram civis e 55, agentes das forças de segurança.
Ao todo, o PCC promoveu 1.325 atentados durante as três ondas de ataques no Estado (maio, julho e agosto). De acordo com o que o governo revelou ontem, 625 pessoas (sendo 120 adolescentes) foram presas acusadas pelos ataques. Hoje, 191 (30,5%) já estão em liberdade e 314 continuam presas.


Texto Anterior: PF aponta 3 falhas graves de controladores
Próximo Texto: Ouvidoria da polícia esclarece só quatro crimes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.