São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Ouvidoria da polícia esclarece só quatro crimes

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a crise de segurança pública em maio de 2006, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo elegeu 53 casos de assassinatos -com 88 vítimas- de autoria desconhecida para acompanhar. Até ontem, entretanto, apenas quatro deles haviam sido esclarecidos pelas polícias.
"Os outros [crimes] todos estão em diligências. Alguma coisa está errada", disse o ouvidor Antonio Funari Filho, durante ato público no Cremesp (Conselho Regional de Medicina) em São Paulo, para lembrar a onda de ataques.
Os casos foram escolhidos pela semelhança entre si. As vítimas foram mortas por grupos armados que usavam capuzes ou capacetes.
Funari Filho afirmou que vai sugerir ao governo paulista a transferência de todas as investigações para o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), já que todos os esclarecimentos até agora foram feitos pelo departamento.
Dos 53 casos da ouvidoria, 23 deles foram na capital, 19 na Grande São Paulo e outros 11 no interior. Os quatro casos esclarecidos foram na capital -em dois deles, PMs foram identificados como autores.
O representante da Secretaria de Justiça no evento, Marco Aurelio Martorelli, disse não ter certeza se a transferência dos casos para o DHPP será benéfica, já que iria interromper as apurações em andamento.
"O que o governador [José] Serra e o secretário [da Justiça, Luiz Antonio] Marrey querem é o esclarecimento de tudo."
A presidente do Cremesp, Desiré Callegari, também lamentou o andamento das investigações. "Muito pouco foi feito até agora. Infelizmente, já esperávamos por isso." O órgão ajudou na apuração das mortes de 2006, analisando os 493 laudos necroscópicos das vítimas de homicídios ocorridos no Estado, entre 12 e 19 de maio.
Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo, Rose Nogueira, uma série de fatos interferiu para o baixo índice de esclarecimento, entre eles o fato de todas as vítimas -das forças do Estado e civis- serem de bairros pobres.
"Parece que tudo isso foi coisa de pobre contra pobre", disse. "Só temos a lamentar." (ROGÉRIO PAGNAN e ANDRÉ CARAMANTE)


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