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Ouvidoria da polícia esclarece só quatro crimes
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a crise de segurança pública em maio de 2006, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo
elegeu 53 casos de assassinatos
-com 88 vítimas- de autoria
desconhecida para acompanhar. Até ontem, entretanto,
apenas quatro deles haviam sido esclarecidos pelas polícias.
"Os outros [crimes] todos estão em diligências. Alguma coisa está errada", disse o ouvidor
Antonio Funari Filho, durante
ato público no Cremesp (Conselho Regional de Medicina)
em São Paulo, para lembrar a
onda de ataques.
Os casos foram escolhidos
pela semelhança entre si. As vítimas foram mortas por grupos
armados que usavam capuzes
ou capacetes.
Funari Filho afirmou que vai
sugerir ao governo paulista a
transferência de todas as investigações para o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), já que todos os
esclarecimentos até agora foram feitos pelo departamento.
Dos 53 casos da ouvidoria, 23
deles foram na capital, 19 na
Grande São Paulo e outros 11 no
interior. Os quatro casos esclarecidos foram na capital -em
dois deles, PMs foram identificados como autores.
O representante da Secretaria de Justiça no evento, Marco
Aurelio Martorelli, disse não
ter certeza se a transferência
dos casos para o DHPP será benéfica, já que iria interromper
as apurações em andamento.
"O que o governador [José]
Serra e o secretário [da Justiça,
Luiz Antonio] Marrey querem
é o esclarecimento de tudo."
A presidente do Cremesp,
Desiré Callegari, também lamentou o andamento das investigações. "Muito pouco foi
feito até agora. Infelizmente, já
esperávamos por isso." O órgão
ajudou na apuração das mortes
de 2006, analisando os 493 laudos necroscópicos das vítimas
de homicídios ocorridos no Estado, entre 12 e 19 de maio.
Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de
São Paulo, Rose Nogueira, uma
série de fatos interferiu para o
baixo índice de esclarecimento,
entre eles o fato de todas as vítimas -das forças do Estado e civis- serem de bairros pobres.
"Parece que tudo isso foi coisa de pobre contra pobre", disse. "Só temos a lamentar."
(ROGÉRIO PAGNAN e ANDRÉ CARAMANTE)
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