São Paulo, quinta, 11 de junho de 1998

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VIOLÊNCIA
O procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey, assumiu o caso e pediu o auxílio do DHPP na apuração
Promotor é investigado por morte da mulher

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

A Procuradoria Geral de Justiça assumiu o controle das investigações da morte da advogada Patrícia Aggio Longo, grávida de oito meses, e chamou o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) para conduzir as próximas diligências do caso, cujos resultados serão mantidos em sigilo até o esclarecimento do crime.
O procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey, afirmou que "avocou o inquérito", antes conduzido pela Polícia Civil em Atibaia -onde ocorreu o crime- porque a polícia já investigava o envolvimento do promotor Igor Ferreira da Silva, 31, lotado no Fórum de São Miguel Paulista, em São Paulo, na morte de Patrícia, com quem ele estava casado desde setembro do ano passado.
Segundo Marrey, a Lei Orgânica do Ministério Público determina que todo crime ou contravenção legal atribuídos a um membro do Ministério Público deve ter a sua investigação remetida pela polícia à Procuradoria Geral.
"A suspeita (sobre o promotor) era velada do ponto de vista oficial, mas escancarada do ponto de vista extra-oficial, a partir do momento que a imprensa passou a divulgar informações dadas em off (sem tornar pública a fonte) pela polícia", disse Marrey.
O procurador-geral tomou a decisão pela manhã após reunião com os promotores que acompanhavam o caso e com o delegado Luiz Roberto Torricelli, que comandava as investigações, que afirmaram que entre as hipóteses investigadas estava a do envolvimento do promotor no crime.
"Se eu avoquei esse inquérito, é óbvio que estamos investigando a hipótese de envolvimento do promotor, mas as outras hipóteses continuam sendo investigadas."
Ferreira, em seu depoimento, afirmou que o casal foi abordado por um homem moreno, armado, quando chegava de carro à entrada de um condomínio em construção localizado na rodovia Fernão Dias, cuja estrada seria usada por ele como atalho até sua casa.
Segundo Marrey, a polícia passou a investigar o marido a partir do depoimento do vigia Daniel Francisco de Matos, que desmentiria parte da versão do promotor.
A Folha apurou que, já na noite do crime, Matos teria declarado ter visto o promotor vindo do local onde o carro foi abandonado.
Contribuiu para a decisão de Marrey a divulgação de uma reportagem feita por uma emissora de TV com uma hipótese para o crime que envolveria o promotor a uma gangue que roubava veículos importados em Atibaia.
"Fiquei sabendo dessa hipótese por meio da reportagem e quem disse isso para a repórter deveria ter me informado", disse Marrey, que considera grave o vazamento de informações sem provas.



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