da Agência Folha, em Maceió

A juíza da comarca de Porto Calvo (AL), Nirvana Vianna, afirmou ontem que a existência da prostituição de adolescentes na cidade e sua utilização pela elite local era de conhecimento público.
"Estávamos diante de um caso de decadência total das exigências éticas e morais. Um quadro que só pode ser resolvido com a retomada da auto-estima das adolescentes", afirmou.
Segundo ela, os relatos das adolescentes são "cruéis". Algumas meninas dizem que foram iniciadas na prostituição em troca de uma blusa. Isso, segundo a juíza, criou uma certa conivência dos pais. "Os pais questionam a roupa nova, mas fingem que as desculpas das meninas, coisas como "ganhei de uma prima" ou coisa parecida, são verdade. E as meninas fingem que enganam os pais", afirmou.

Assassinato
A juíza teve um familiar morto há dois anos. Em 1997, seu cunhado Sílvio Vianna, então responsável pela arrecadação de impostos na Secretaria da Fazenda do Estado e que investigava fraudes na arrecadação do Estado, foi assassinado em uma emboscada.
O crime até hoje não tem autoria apontada. Mesmo recebendo ameaças de morte, Sílvio Vianna nunca se preocupou em pedir proteção de vida às autoridades policiais.
"Ao pedir proteção de vida, não quis cometer o mesmo erro que meu cunhado. As ameaças do promotor Sérgio Simões tinham que ser denunciadas", afirmou.
Segundo ela, na última quarta-feira, o promotor se reuniu no Fórum de Porto Calvo com o fazendeiro Ormindo Uchou.
Após a reunião, o promotor teria dito a vários funcionários do fórum que estava preocupado com a segurança da juíza.
"Ele chegou a dizer que iria para Maceió para saber se tinha mesmo uma trama para me matar", afirmou a juíza.

Promotor
O promotor não esteve ontem em Porto Calvo. Segundo a Procuradoria de Justiça de Alagoas, o promotor Simões informou ao órgão que só se manifestará na sindicância aberta pela própria Procuradoria para apurar o caso.



Texto Anterior: Juiz diz que nunca fez uso de esquema
Próximo Texto: Arcebispo pediu afastamento de padre
Índice