São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
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Delegado diz que exame o inocenta

do enviado a Belém

Acusado de comandar uma sessão de tortura contra Hildebrando Silva de Freitas, o delegado Clóvis Martins disse que o exame de corpo de delito prova que os hematomas no corpo do sambista não tiveram origem no período em que ele esteve detido.
"Como nós causamos aquelas marcas se elas não foram constatadas no Instituto Médico Legal?", perguntou Martins.
De fato, o exame registra edema na virilha direita, pequenas manchas de natureza hemorrágica no braço direito e escoriações no antebraço direito e na face posterior da coxa esquerda.
Não há referência, por exemplo, a hematomas no rosto, nas nádegas e no saco escrotal, marcas que as fotos batidas 30 horas depois da prisão mostram.
Hildebrando Freitas foi examinado às 5h40 do dia 16 de novembro de 1997, pouco depois de sair da delegacia onde chegara quase no começo da madrugada.
"As marcas começaram a vir horas depois", diz o sambista.
Consultado pela Folha, o médico legista Nelson Massini, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) disse que é perfeitamente possível o relato de Hildebrando Freitas ser verdadeiro. "O espectro equimótico (relativo a equimoses, manchas) no primeiro dia é avermelhado. Só depois é que se torna violáceo, escurecido, azulado."
O legista também não crê em lesão feita pelo próprio Hildebrando Freitas, como sugere o delegado Martins. "A autolesão é dirigida. O último lugar atingido seria o saco escrotal." (MM)

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