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Delegado diz que exame o inocenta
do enviado a Belém
Acusado de comandar
uma sessão de tortura contra Hildebrando Silva de
Freitas, o delegado Clóvis
Martins disse que o exame
de corpo de delito prova que
os hematomas no corpo do
sambista não tiveram origem no período em que ele
esteve detido.
"Como nós causamos
aquelas marcas se elas não
foram constatadas no Instituto Médico Legal?", perguntou Martins.
De fato, o exame registra
edema na virilha direita, pequenas manchas de natureza hemorrágica no braço direito e escoriações no antebraço direito e na face posterior da coxa esquerda.
Não há referência, por
exemplo, a hematomas no
rosto, nas nádegas e no saco
escrotal, marcas que as fotos
batidas 30 horas depois da
prisão mostram.
Hildebrando Freitas foi
examinado às 5h40 do dia 16
de novembro de 1997, pouco
depois de sair da delegacia
onde chegara quase no começo da madrugada.
"As marcas começaram a
vir horas depois", diz o sambista.
Consultado pela Folha, o
médico legista Nelson Massini, professor da UFRJ
(Universidade Federal do
Rio de Janeiro) e da Uerj
(Universidade do Estado do
Rio de Janeiro) disse que é
perfeitamente possível o relato de Hildebrando Freitas
ser verdadeiro. "O espectro
equimótico (relativo a equimoses, manchas) no primeiro dia é avermelhado. Só depois é que se torna violáceo,
escurecido, azulado."
O legista também não crê
em lesão feita pelo próprio
Hildebrando Freitas, como
sugere o delegado Martins.
"A autolesão é dirigida. O último lugar atingido seria o
saco escrotal."
(MM)
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