São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
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Inquéritos vão apurar tortura e oficial da PM

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

O governador Mário Covas (PSDB) determinou ontem a abertura de inquéritos na Polícia Militar para apurar indícios de crime nos casos do tenente-coronel Edson Pimenta Bueno Filho e de tortura de presos no 26º DP, em Sacomã (zona sudeste de SP).
Os dois casos foram revelados na edição de ontem da Folha. Trechos de fitas cassetes a que a Folha teve acesso mostram Pimenta sugerindo a soldados a morte de criminosos feridos em tiroteio.
O oficial, comandante do 5º Batalhão de Policiamento Militar Metropolitano, foi afastado da corporação na última quinta-feira, depois de ter sido denunciado por soldados à Ouvidoria da Polícia de São Paulo.
As denúncias foram feitas a partir de fitas cassetes gravadas este ano por soldados durante preleções do tenente-coronel Pimenta.
Em um trecho da fita a que a Folha teve acesso, o comandante diz à tropa que "vagabundo é caixão". Soldados afirmam que a expressão era uma forma de o oficial ordenar a morte de criminosos.
"Um cidadão que é coronel e está instruindo soldados não pode dizer que eles têm que matar. Quem mata bandido, mata gente que é inocente também", disse ontem o governador.
Pela determinação de Covas, Pimenta ficará à disposição da Corregedoria da Polícia Militar até o fim da apuração do caso.
Na fita, Pimenta chama Covas de "boneco" que comanda o Estado e xinga o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, de "idiota" e "hipócrita". "Não me importo com a referência", disse Covas.
O caso do 26º DP ocorreu em maio deste ano. Vinte policiais civis tentavam conter uma fuga. A operação foi gravada por presos. Na fita, ouvem-se policiais obrigando os presos a andarem de joelhos e ameaças de morte.


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