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EDUCAÇÃO
Ensino profissionalizante terá estrutura mais flexível
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O ensino profissionalizante de
nível técnico vai passar a ser organizado em 20 áreas e não mais em
cursos com currículos rigidamente estruturados. Essa é uma das
novidades que constam das Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Profissional de Nível
Técnico, aprovadas semana passada pela Câmara de Educação
Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação).
O documento deverá ser submetido à aprovação do ministro
Paulo Renato Souza (Educação)
até o final deste mês. Depois de
homologado, ele se tornará oficial, substituindo a legislação que
vigora desde os anos 70.
Para cada área foi estabelecido
um conjunto de competências.
Um exemplo é área do comércio,
em que os cursos deverão possibilitar que os alunos desenvolvam,
entre outras coisas, a capacidade
de identificar e formular e estratégias de marketing, controlar estoques e aplicar conceitos de matemática financeira.
Outro caso é a área de imagem
pessoal, que visa formar profissionais capazes de identificar as
tendências da moda e adaptá-las
às necessidades dos clientes, além
de pesquisar produtos.
As diretrizes não estabelecem,
portanto, quais disciplinas devem
constar dos currículos -só falam
em cargas horárias mínimas globais. "Elas são uma matriz a partir
da qual as escolas vão estruturar
seus cursos e currículos", diz
Ulysses de Oliveira Panisset, presidente da Câmara de Educação
Básica do CNE.
Essa autonomia passou a ser assegurada com a reforma do ensino profissionalizante, em vigor
desde 98 e que dissociou a formação profissional técnica da de nível médio. A reforma começou
em 98, mas faltavam as diretrizes
para definir a nova estrutura dos
currículos (leia texto abaixo).
O fundamental, diz Francisco
Aparecido Cordão, relator das diretrizes, é que elas se tornem objeto de ampla discussão entre os dirigentes das escolas. "Isso é importante para que as escolas desenvolvam projetos pedagógicos
de qualidade e que atendam às
necessidades do mercado de trabalho, da sociedade e dos alunos."
Esses debates e a formulação
dos projetos deverão ocorrer ao
longo de 2000. Até o final do próximo ano, as regras antigas e novas vão conviver -ou seja, os
cursos que estão em andamento
dentro da estrutura antiga podem
funcionar normalmente e será
possível abrir cursos segundo a lei
em vigor. A previsão é a de que o
prazo de transição para as novas
diretrizes termine em 2001.
A possibilidade de melhorar a
interação com a sociedade e o
mundo do trabalho é uma das
vantagens das novas diretrizes em
relação à legislação antiga, diz
Marco Antonio Lucidi, diretor-geral do Cefet (Centro Federal de
Educação Tecnológica) do Rio.
"Antes o aluno era formado para
uma profissão estanque, fechada.
Agora, ele tem liberdade para estruturar sua formação dentro de
um leque de opções."
No entanto, sem uma mudança
de mentalidade, a reforma tende a
ficar num nível superficial. É o
que pensa Almério Melquíades de
Araújo, coordenador de ensino
técnico do Centro Paula Souza
(SP). "Talvez a proposta seja muito avançada. Há uma cultura tradicional muito forte no que se refere à estrutura de cursos."
O texto integral pode ser consultado no site
do CNE (www.mec.gov.br/cne).
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