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VIOLÊNCIA
Polícia do Maranhão diz não ter provas contra agricultores que, supostamente, teriam matado menino de 13 anos
Suspeitos de castrar garoto são libertados
DÉCIO SÁ
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil do Maranhão libertou ontem, por falta de provas,
os dois suspeitos de terem castrado e assassinado o garoto Welson
Frazão Serra, 13. Em dez anos, 20
crianças e adolescentes foram
mortos e tiveram seus órgãos genitais removidos na região metropolitana de São Luís.
As mortes dos adolescentes do
Maranhão chegaram a ser denunciadas a entidades internacionais.
O último caso no Maranhão
-antes de encontrarem o garoto
Welson- ocorreu em novembro
do ano passado. Para a polícia, os
crimes não têm ligação entre si e
todos os esforços investigativos
foram e estariam sendo feitos.
Os assassinatos têm características comuns: todos ocorreram
com crianças pobres, que tiveram
seus órgãos genitais extirpados.
Os garotos, entre nove e 15 anos,
moravam em áreas de invasão.
Apenas três casos foram solucionados. Os demais inquéritos
encontram-se arquivados ou desaparecidos, segundo a polícia.
Ontem, os vigias José Ribamar
de Oliveira e Washington Luís
Gomes Xavier -que foram presos, na última segunda-feira, logo
após o corpo do garoto ter sido localizado em um sítio na zona rural de São José de Ribamar (31 km
de São Luís)- foram soltos por
determinação da Justiça, com
aprovação do Ministério Público.
Oliveira era vigia do sítio onde
Welson foi encontrado e Xavier
trabalhava em um outro sítio da
região. Com eles, foram apreendidas cinco peças de roupa, duas facas sujas de sangue e o estilingue
que seria da vítima.
Os dois negaram o crime. A polícia técnica analisa o material para tentar encontrar uma suposta
ligação dos vigias com a morte.
Antes de ser castrado, Welson
teve o dedo médio da mão direita
decepado. Ele não foi violentado,
diferentemente do que tinha sido
divulgado. O garoto saiu no domingo para caçar passarinho. O
corpo foi achado na segunda.
Segundo Paulo Aguiar, um dos
dois delegados que trabalham no
caso, o garoto morreu por asfixia
ao ter o rosto prensado no solo.
O delegado disse que a polícia
trabalha em duas linhas de investigação: vingança contra os pais
de Welson e magia negra.
OEA
A Comissão Interamericana de
Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) deu um prazo para o governo brasileiro responder às acusações de que crianças estariam sendo castradas e assassinadas impunemente no Maranhão.
A denúncia foi feita no mês passado pela ONG Centro de Defesa
Padre Marcos Passerini.
De acordo com a comissão, se as
autoridades se propuserem a tomar atitudes para coibir os crimes, haverá solução amistosa.
Caso o governo do Brasil não
responda até o final do mês às
acusações e não se proponha a
adotar medidas de segurança, a
comissão da OEA poderá publicar a decisão e enviá-la à Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede na Costa Rica.
"Os crimes têm de ser desvendados o mais rápido possível, pois
toda a sociedade está preocupada", afirmou Sérgio Taner, presidente da Comissão de Direitos
Humanos da OAB no Maranhão.
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