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"Há muito a ser feito" no país, diz Anistia
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan, disse ontem no Rio de Janeiro que, para
chegar à condição de líder na
América Latina da defesa dos direitos humanos, o Brasil precisa
implantar internamente políticas
concretas sobre o tema, pois ainda há "muito a ser feito" no país.
"O Brasil pode assumir papel de
liderança na região. Mas a credibilidade daquilo que fizer no nível
regional dependerá da real proteção que o Brasil possa prover aos
defensores de direitos humanos
em seu território", disse Khan, 46,
no lançamento do relatório mundial da Anistia sobre mortes de
defensores de direitos humanos
na América Latina e no Caribe.
O Brasil tem nove casos de ativistas sociais ameaçados ou mortos citados no relatório; a Colômbia, 15, e a Guatemala, 18. Não há
dados totais. Khan, que vê distância entre a posição internacional
do Brasil e a situação interna, disse que o defensor de direitos humanos no Brasil é às vezes tratado
como defensor de bandido.
O relatório elogia o plano da Secretaria Nacional de Direitos Humanos para proteger ativistas e
recomenda a implantação de projetos semelhantes nos Estados.
Para Khan, em muitos países o
fim da ditadura não eliminou práticas repressivas a movimentos de
direitos humanos. "Práticas do
passado de silenciar críticas ainda
guiam o comportamento de muitos funcionários, especialmente
nos níveis estadual e local."
No relatório, a prisão de José
Rainha Júnior, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), é citada. Tim Cahill, pesquisador da Anistia para o
Brasil, disse que o grupo analisa se
o considerará preso político. "Parece-nos fartamente que há indícios de criminalização por motivos políticos de ativistas do MST."
Natural de Bangladesh, a advogada Khan quer se encontrar com
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e mostrar cópia da ação movida pela Anistia, nos anos 80, para que Lula não fosse julgado pelo
Superior Tribunal Militar (STM)
pelas greves no ABC paulista.
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