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FOCO
Livro traz obra de arquiteto da estação Julio Prestes e do 1º arranha-céu de SP
DE SÃO PAULO
Autor de projetos emblemáticos como o edifício Sampaio Moreira (primeiro arranha-céu da cidade) e a estação Julio Prestes, ambos no
centro, o arquiteto Christiano
Stockler das Neves (1889-1982) tem agora sua história
revisitada no livro "O Arquiteto Concreto", que será lançado hoje, na Sala São Paulo.
Da formação na Universidade da Pensilvânia (EUA) à
breve passagem pela Prefeitura de São Paulo -ocupou o
cargo por sete meses, em
1947, nomeado por Adhemar
de Barros-, passando pela
criação do curso superior de
Arquitetura na então Escola
de Engenharia Mackenzie, o
livro traz um registro afetivo
da história do arquiteto.
O autor é o engenheiro civil Alexandre Stockler das
Neves Neto, neto do homenageado, que garimpou no
acervo da família fotos, croquis, cartas, artigos e desenhos de projetos que ilustram o livro.
"Ele tinha uma preocupação artística com os projetos,
um rigor estético. O livro pretende resgatar essa história,
que pouca gente conhece."
IDEÁRIO SIMPLISTA
Foi justamente a preocupação estética que rendeu a
Stockler as maiores polêmicas. Autor de obras que primam pelas linhas clássicas e
harmoniosas, virou crítico
ferrenho do modernismo que
começava a se instalar no
Brasil a partir dos anos 1920.
Em artigos, condenou o
que chamava de ideário
"simplista", tendência a
"industrialização, utilitarismo" e "degenerescência" da
arquitetura.
"Ele era um conservador.
Foi dos últimos a defender o
classicismo, quando o modernismo já começava a ganhar destaque", observa o
arquiteto Haroldo Gallo, professor da Unicamp.
O neto assina embaixo as
críticas do avô. "Acho que a
arquitetura de São Paulo hoje é uma mescla de coisas
horríveis. Basta olhar o Memorial da América Latina, o
prédio do Mube e a praça Patriarca", diz, citando obras
de Oscar Niemeyer e Paulo
Mendes da Rocha, ambos ligados ao movimento modernista.
(LETICIA DE CASTRO)
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