São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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Serra criará secretaria exclusiva para deficiente físico

CATIA SEABRA
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do prometido enxugamento de estrutura, o prefeito eleito, José Serra (PSBD), vai criar uma secretaria exclusivamente destinada ao deficiente físico. E, para comandar a secretaria, pretende convidar a publicitária e psicóloga Mara Gabrilli, 37, tetraplégica há dez anos.
Candidata derrotada à Câmara Municipal nas eleições de outubro, Gabrilli se dedica à causa desde o acidente que tirou sua mobilidade em agosto de 1994, na serra de Taubaté.
Em setembro de 2000, Gabrilli foi fotografada para o que chama de "ensaio sensual" da revista Trip, sendo a primeira tetraplégica a posar nua no país.
Ainda na campanha, Serra se comprometeu com a criação da secretaria, com o objetivo de integrar ações de diferentes áreas. Já na época, disse que seria ocupada por uma mulher.
Fundadora da ONG Projeto Próximo Passo, foi a própria Gabrilli quem entregou ao prefeito eleito o projeto de funcionamento da secretaria. Apesar das conversas entre os dois, Gabrilli ainda não foi, oficialmente, convidada para o cargo. Mas, de acordo com interlocutores do prefeito eleito, será em breve.
Segundo ela, a criação da secretaria vai ser "uma guinada" porque "as políticas já foram criadas. O problema é que nunca houve um órgão executivo que as colocasse em ação".
"Não adianta investir em empregabilidade, fazer curso para capacitar o portador de deficiência e, daí, ele não conseguir sair de casa porque a calçada é péssima e o transporte não é adequado", defendeu Gabrilli, dizendo-se desconfortável em falar sem que tenha sido convidada para o cargo.
Gabrilli reconhece que a secretaria poderá enfrentar restrições financeiras. Ainda assim, afirma: "Não se resolve todo o problema do portador de deficiência em quatro anos. Mas já dá para começar e conseguir muita coisa em quatro anos".

Equipe
Entres os tucanos, a expectativa é de que Serra conclua, nesta semana, a montagem de seu governo. Alguns nomes poderão ser anunciados ainda na segunda-feira, antes que ele embarque para Brasília, onde participará de uma confraternização dos prefeitos eleitos pelo PSDB.
Hoje, segundo seus interlocutores, a preocupação está na escolha para a secretaria do governo. Para o cargo, tem crescido a pressão sobre o deputado federal e coordenador político da campanha, Aloysio Nunes Ferreira, que nega.

Emendas
A Comissão de Finanças da Câmara Municipal de São Paulo rejeitou as duas únicas emendas do PSDB ao Orçamento de 2005, o que torna mais próxima a primeira derrota de Serra no Legislativo.
Uma das emendas defendia uma margem de remanejamento de 15%, contra os 5% aprovados em primeira votação no plenário. A outra pedia a possibilidade de rearranjo do Orçamento nos primeiros 120 dias de governo. Sem isso, Serra terá um Orçamento "engessado" no seu primeiro ano.
Se quiserem mudar os dois pontos, os tucanos terão de reapresentar as emendas em plenário, onde têm só 8 dos 55 vereadores.
A maior emenda incorporada ao relatório final, das cerca de 1.500 apresentadas, tira R$ 20 milhões da construção dos CEUs para que sejam erguidas 20 creches. Foi apresentada pelo vereador Cláudio Fonseca (PC do B), que fez oposição a Marta Suplicy (PT).


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