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AMBIENTE DEGRADADO
Com R$ 950 mi, projeto do governo, apoiado pelo Banco Mundial, prevê urbanizar favelas e remover casas
Plano para salvar água afeta 51 mil famílias
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Adequar a infra-estrutura de loteamentos onde moram 31.391 famílias, reassentar outras 1.350 e
atingir mais 18.167 -um total de
50.908- com projetos de urbanização de favelas. Essas são algumas das metas previstas no programa Mananciais, da Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para
recuperar a bacia do Alto Tietê,
cuja área praticamente coincide
com a da Grande São Paulo.
O projeto, elaborado desde
2001, deve ser concluído até março. Dados preliminares da proposta foram apresentados ontem
na sede da Fundação Agência da
Bacia do Alto Tietê, na capital.
A urbanização do entorno dos
mananciais é uma das principais
soluções apresentadas para a degradação que as represas vêm sofrendo -em grande parte causada pela instalação de moradias irregulares por pessoas de baixa
renda. Estima-se que cerca de 2
milhões de pessoas morem nas
áreas de mananciais -o que torna o despejo dessas famílias algo
inviável do ponto de vista político
e econômico.
Uma das propostas do Programa de Mananciais diante da ampliação da ocupação irregular é a
criação de diversos espaços públicos de lazer, totalizando uma área
de aproximadamente 54 hectares
(540 mil m2) e a implantação de
parques e unidades de conservação em 142,29 hectares (1,42 milhão de m2).
Isso, porém, não impedirá que a
população que vive nas áreas de
mananciais continue a crescer, segundo o coordenador-executivo
do projeto, Ricardo Araújo. "Não
tem como evitar isso. O programa
tem limitações. Nós podemos
tentar controlar, mas a cidade não
é feita pelos governos."
O programa inclui os cinco mananciais da bacia do Alto Tietê,
mas as ações serão concentradas
nas represas Billings -que é o
maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo- e Guarapiranga. Devido aos
altos índices de poluição, a Guarapiranga já foi alvo de um programa próprio de recuperação, na
década de 1990 -o resultado da
obra, segundo dados da Sabesp,
foi uma diminuição de 20% na
quantidade de produtos químicos
necessários para tratar a água.
Segundo Araújo, a previsão é
que a ampliação da rede de esgoto
na região da Billings e da Guarapiranga resulte em quedas de 16,5%
e 23,7%, respectivamente, no nível de fósforo na água. A quantidade de fósforo é um dos principais indicadores de poluição e da
qualidade da água destinada ao
abastecimento, já que ele favorece
a proliferação de algas, que mudam o sabor e o odor da água.
Duas cidades irão concentrar a
instalação de novas redes de esgoto: Itapecerica da Serra e São Bernardo do Campo.
As propostas são todas relativas
à primeira etapa do programa,
que durará seis anos e consumirá
US$ 342 milhões (R$ 950 milhões), dos quais US$ 223,4 milhões provenientes do Banco
Mundial. A previsão da Sabesp é
que o acordo com o organismo
internacional seja firmado em setembro do próximo ano. Ao todo,
o programa irá durar 18 anos.
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