São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMBIENTE DEGRADADO

Com R$ 950 mi, projeto do governo, apoiado pelo Banco Mundial, prevê urbanizar favelas e remover casas

Plano para salvar água afeta 51 mil famílias

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Adequar a infra-estrutura de loteamentos onde moram 31.391 famílias, reassentar outras 1.350 e atingir mais 18.167 -um total de 50.908- com projetos de urbanização de favelas. Essas são algumas das metas previstas no programa Mananciais, da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para recuperar a bacia do Alto Tietê, cuja área praticamente coincide com a da Grande São Paulo.
O projeto, elaborado desde 2001, deve ser concluído até março. Dados preliminares da proposta foram apresentados ontem na sede da Fundação Agência da Bacia do Alto Tietê, na capital.
A urbanização do entorno dos mananciais é uma das principais soluções apresentadas para a degradação que as represas vêm sofrendo -em grande parte causada pela instalação de moradias irregulares por pessoas de baixa renda. Estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas morem nas áreas de mananciais -o que torna o despejo dessas famílias algo inviável do ponto de vista político e econômico.
Uma das propostas do Programa de Mananciais diante da ampliação da ocupação irregular é a criação de diversos espaços públicos de lazer, totalizando uma área de aproximadamente 54 hectares (540 mil m2) e a implantação de parques e unidades de conservação em 142,29 hectares (1,42 milhão de m2).
Isso, porém, não impedirá que a população que vive nas áreas de mananciais continue a crescer, segundo o coordenador-executivo do projeto, Ricardo Araújo. "Não tem como evitar isso. O programa tem limitações. Nós podemos tentar controlar, mas a cidade não é feita pelos governos."
O programa inclui os cinco mananciais da bacia do Alto Tietê, mas as ações serão concentradas nas represas Billings -que é o maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo- e Guarapiranga. Devido aos altos índices de poluição, a Guarapiranga já foi alvo de um programa próprio de recuperação, na década de 1990 -o resultado da obra, segundo dados da Sabesp, foi uma diminuição de 20% na quantidade de produtos químicos necessários para tratar a água.
Segundo Araújo, a previsão é que a ampliação da rede de esgoto na região da Billings e da Guarapiranga resulte em quedas de 16,5% e 23,7%, respectivamente, no nível de fósforo na água. A quantidade de fósforo é um dos principais indicadores de poluição e da qualidade da água destinada ao abastecimento, já que ele favorece a proliferação de algas, que mudam o sabor e o odor da água.
Duas cidades irão concentrar a instalação de novas redes de esgoto: Itapecerica da Serra e São Bernardo do Campo.
As propostas são todas relativas à primeira etapa do programa, que durará seis anos e consumirá US$ 342 milhões (R$ 950 milhões), dos quais US$ 223,4 milhões provenientes do Banco Mundial. A previsão da Sabesp é que o acordo com o organismo internacional seja firmado em setembro do próximo ano. Ao todo, o programa irá durar 18 anos.


Texto Anterior: Saúde: Santa Marcelina reduz pronto atendimento
Próximo Texto: Óleo de tanque vaza para a Billings
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.