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Erro de pilotos do jato Legacy desligou transponder, diz FAB
Relatório aponta que aparelho entrou em "stand by" após pilotos tentarem introduzir dados de combustível equivocadamente
Os norte-americanos Joe
Lepore e Jan Paladino
estariam tentando calcular
o peso do avião para pousar
no aeroporto de Manaus
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A "hipótese provável" para o
desligamento do transponder
do jato Legacy que se chocou
com o Boeing da Gol é a de que
os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino puseram o aparelho em
"stand by" ao tentar introduzir
equivocadamente dados sobre
o combustível no sistema RMU
(sigla inglesa para unidade de
monitoramento do rádio). No
acidente, em 29 de setembro de
2006, 154 morreram.
É o que consta do relatório final da Aeronáutica divulgado
ontem pelo coronel aviador
Rufino Ferreira, presidente da
comissão de investigação.
Ele descreveu o RMU como
uma "caixinha" em que funcionam simultaneamente o transponder e o "back up" de diferentes funções, inclusive dados
sobre peso, dimensões e quantidade do combustível do avião.
Para tornar o transponder
inativo, eles provavelmente digitaram dois números errados
por mais de 20 segundos. Com
isso, ele passou a "stand by".
Assim, parou de transmitir e
receber o sinal do TCAS (sistema anticolisão), tanto do jato
quanto do Boeing, o que poderia ter evitado o choque.
Lepore e Paladino estariam
tentando calcular o peso do
avião, em que o querosene é dado fundamental, para pousar
em Manaus numa situação de
pista reduzida do aeroporto
Eduardo Gomes, destino do Legacy antes de ir para os EUA.
Em sua apresentação, Rufino
disse que os pilotos já deveriam
ter esse cálculo no planejamento do vôo, antes da decolagem.
Além disso, o coronel disse várias vezes, citando o relatório,
que os pilotos não estavam preparados para voar numa aeronave nova nem conheciam os
procedimentos de vôo no país.
Além dos pilotos, o relatório
de 261 páginas aponta vários
erros dos controladores de tráfego como "fatores contribuintes" do acidente, um choque no
ar, episódio raro na aviação.
São citados os controladores
de São José dos Campos (SP),
de onde o Legacy decolou; de
Brasília, que o jato sobrevoou
sem mudar a altitude; e o de
Manaus, que seria a primeira
parada. O de São José, João Batista da Silva, desprezou o plano de vôo original do Legacy,
prevendo três altitudes até Manaus, autorizou o vôo citando
uma só, de 37 mil pés.
Os controladores de Brasília
cometeram sucessivas falhas,
como não passar a orientação
detalhada para São José dos
Campos desde o início, não verificar a altitude errada na passagem pela capital e não atualizar a freqüência do rádio quando o Legacy saiu do setor ao sul
e entrou no setor ao norte.
O relatório, por outro lado,
inocentou completamente o
sistema de equipamentos de
radares usados na região onde
ocorreu o acidente, nos ares de
Mato Grosso, descartando a
existência de um "buraco negro", como os próprios controladores alegaram em diversas
ocasiões em sua própria defesa.
Os de Brasília não deram depoimento à comissão.
Uma das novidades do relatório foi a inclusão do controlador de Manaus, que "recebeu" o
Legacy de Brasília, quando o jato saiu de uma área de cobertura para outra. Como o jato estava com o transponder inoperante, o procedimento correto
teria sido cancelar o vôo por
RVSM, ou seja, por um sistema
especial que permite uma distância menor entre aviões.
Veja o relatório completo
do acidente
www.folha.com.br/083456
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