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"Escola é autoritária", afirma docente
DA REPORTAGEM LOCAL
O professor Marcelo Neves, 48,
afirma que era um crítico em uma
estrutura que ele classificou como
autoritária. O docente diz também que não foi informado do
motivo oficial da sua demissão do
curso de direito da FGV.
Folha - Como foi a sua demissão?
Marcelo Neves - Recebi, em julho, um convite do Daad [serviço
de intercâmbio acadêmico alemão] para ser observador eleitoral acadêmico das eleições [que
ocorreram em setembro]. Fui o
único convidado da América Latina. Imediatamente, avisei
Adriana Ancona, coordenadora
do curso. Além disso, acertei com
outros dois professores para que
eles cobrissem a minha ausência,
de dez dias. Estava tudo certo,
mas, perto da viagem, a direção
informou que eu não poderia ir, o
que levou o Daad a romper a parceria com a FGV. Por isso, entreguei uma carta de protesto ao presidente da FGV [Carlos Ivan Simonsen Leal]. Foi uma crítica interna, mas eles não entenderam
assim e levaram para o lado pessoal.
Folha - E como foi, especificamente, o dia da demissão?
Neves - Fui chamado pela direção da escola. Estavam os três que
comandam a faculdade. Entrei na
sala, e [o diretor] Ary Oswaldo
simplesmente me entregou a rescisão, falando ao celular.
Folha - Qual o motivo alegado?
Neves - Oficialmente, não houve. Mas eu sempre fui crítico, em
um esquema autoritário. Defendi
que deveria ser formado um conselho de docentes, porque uma
escola como essa não pode ter o
poder centralizado. O Ary Oswaldo me falou, até rispidamente,
que isso é uma coisa simplesmente burocrática. Isso gerou um
mal-estar. Trabalhei na Alemanha e na federal de Pernambuco,
onde você pode fazer sugestões
como essa. Mas aqui eles querem
uma organização empresarial.
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