São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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"Escola é autoritária", afirma docente

DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Marcelo Neves, 48, afirma que era um crítico em uma estrutura que ele classificou como autoritária. O docente diz também que não foi informado do motivo oficial da sua demissão do curso de direito da FGV.
 

Folha - Como foi a sua demissão?
Marcelo Neves -
Recebi, em julho, um convite do Daad [serviço de intercâmbio acadêmico alemão] para ser observador eleitoral acadêmico das eleições [que ocorreram em setembro]. Fui o único convidado da América Latina. Imediatamente, avisei Adriana Ancona, coordenadora do curso. Além disso, acertei com outros dois professores para que eles cobrissem a minha ausência, de dez dias. Estava tudo certo, mas, perto da viagem, a direção informou que eu não poderia ir, o que levou o Daad a romper a parceria com a FGV. Por isso, entreguei uma carta de protesto ao presidente da FGV [Carlos Ivan Simonsen Leal]. Foi uma crítica interna, mas eles não entenderam assim e levaram para o lado pessoal.

Folha - E como foi, especificamente, o dia da demissão?
Neves -
Fui chamado pela direção da escola. Estavam os três que comandam a faculdade. Entrei na sala, e [o diretor] Ary Oswaldo simplesmente me entregou a rescisão, falando ao celular.

Folha - Qual o motivo alegado?
Neves -
Oficialmente, não houve. Mas eu sempre fui crítico, em um esquema autoritário. Defendi que deveria ser formado um conselho de docentes, porque uma escola como essa não pode ter o poder centralizado. O Ary Oswaldo me falou, até rispidamente, que isso é uma coisa simplesmente burocrática. Isso gerou um mal-estar. Trabalhei na Alemanha e na federal de Pernambuco, onde você pode fazer sugestões como essa. Mas aqui eles querem uma organização empresarial.


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