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MASSACRE NA FAVELA
Investigações apontam para envolvimento de policiais na morte de seis pessoas na zona norte de São Paulo
Cápsula achada em chacina reforça suspeita sobre PMs
DA REPORTAGEM LOCAL
Cápsulas de pistola . 40, arma de
uso exclusivo da polícia que é usada pela Polícia Militar de São Paulo, foram recolhidas por moradores no local de uma chacina na favela do Coruja, zona norte da capital paulista. A principal linha de
investigação da Polícia Civil
aponta para o suposto envolvimento de policiais militares na
morte de seis pessoas, ocorrida na
última quarta-feira.
Essas cápsulas foram entregues
à Delegacia de Homicídios Múltiplos do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa)
da Polícia Civil e encaminhadas
para perícia. Elas foram as que
restaram no local depois que PMs
que atenderam a ocorrência recolheram os estojos na favela, segundo relato de moradores. O objetivo seria alterar o local do crime
para dificultar a perícia.
O próprio boletim de ocorrência registrado no 9º DP (Carandiru) relata como "de grande estranheza que no local dos fatos não
tenham sido encontrados estojos
de armas automáticas".
Os autores da chacina ainda não
foram identificados. Segundo
moradores, três homens armados
invadiram a favela, obrigaram
pessoas a sentar sobre as mãos
-imobilização de vítimas semelhante à abordagem policial- e
passaram a atirar.
O velório ocorreu na própria favela e as vítimas foram enterradas
ontem à tarde. Um adolescente de
15 anos sobreviveu porque se fingiu de morto. Ele continuava internado no hospital ontem, mas
não corria risco de morte.
O DHPP organiza uma lista de
PMs suspeitos. Eles foram citados
por moradores como autores de
arbitrariedades na região. Uma
das teses é que a chacina tenha sido motivada por uma rixa entre
policiais e moradores.
Laudo necroscópico revelou
que as seis vítimas foram atingidas por 32 disparos. O sobrevivente foi ferido por outros três tiros. José Carlos Barbosa, 27, foi a
vítima que recebeu mais tiros. Foram oito disparos -na cabeça,
tórax, braços e pernas.
Amauri Francisco Pereira de Jesus, 46, recebeu sete tiros, um deles na nuca. José Evangelista de
Oliveira, 40, e André José dos Santos, 23, foram atingidos por quatro disparos cada. Também foram
mortos Josinaldo da Conceição,
18 (três tiros), e Edilson Silva Braga, 18 (dois tiros).
Segundo moradores, Amauri de
Jesus seria o alvo dos matadores.
Ele estaria sendo ameaçado desde
que prometeu denunciar PMs
que invadiram a favela e atiraram
em seu cachorro.
Segundo o major Jorge Luiz Alves, chefe do Setor de Comunicação Social da PM, 13 policiais
prestaram depoimento na Corregedoria. Mas, segundo ele, até ontem não havia nenhuma prova do
suposto envolvimento de PMs.
Dois policiais que conduziam
no dia da chacina uma Ipanema
vermelha, de propriedade do serviço reservado da PM, tiveram
suas armas apreendidas e encaminhadas para perícia. O veículo
foi apontado por moradores como o suposto carro usado pelos
assassinos.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o secretário da Segurança Pública, Saulo
de Castro Abreu Filho, recusaram
o pedido de entrevista feito pela
reportagem.
(GILMAR PENTEADO)
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