MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma escuta telefônica feita com autorização judicial pela Polícia Civil do Rio de Janeiro aponta o envolvimento de pelo menos seis policiais militares com a quadrilha do traficante Alexander de Jesus Carlos, conhecido como Choque. É ele quem comanda o complexo de favelas de Manguinhos (zona norte do Rio) e foi preso no começo do mês.
As gravações, feitas durante um mês, mostram os policiais militares negociando com o traficante a venda de fuzis e de drogas que foram apreendidos em operações policiais em favelas.
As escutas revelam ainda que os policiais avisavam ao criminoso toda vez que haveria alguma ação da Polícia Militar em seu reduto e lhe davam cobertura para escapar aos cercos.
Os policiais que aparecem nas escutas ainda não foram identificados.

Baile funk
Um dos trechos das gravações mostrou Choque conversando com um policial militar suspeito sobre um baile funk em Manguinhos. "O baile está rolando aqui", disse o traficante. "Pô, se eu não tivesse de serviço, eu pegaria meu fuzil e iria aí", falou um policial suspeito.
Os encarregados da investigação informaram ter suspeitas sobre um batalhão específico da Polícia Militar, mas não quiseram revelar qual é ele para não atrapalhar o trabalho.

Números usados
A Polícia Civil relacionou todos os números dos telefones usados durante as conversas. A partir daí, pretende chegar até os policiais militares que são suspeitos. De acordo com investigadores, o caso já foi comunicado à Corregedoria da corporação.
Depois da prisão de Choque, os policiais suspeitos não falaram mais ao telefone, mas o monitoramento continua.
Neste ano, esta é a segunda investigação anunciada pela polícia fluminense que indica a relação entre policiais e traficantes.
No início do mês passado, foi divulgado que pelo menos seis policiais militares teriam envolvimento com o traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha.

Granadas
Antes de começar as escutas, a Polícia Civil já havia recebido uma informação de que policiais militares venderam a traficantes de Manguinhos granadas que foram apreendidas durante uma operação no morro São João, no Engenho Novo (zona norte) no final do ano. O caso está sendo investigado reservadamente.


Texto Anterior: Massacre na favela: Cápsula achada em chacina reforça suspeita sobre PMs
Próximo Texto: Bate-boca: Ação de despejo põe em conflito um lojista e a direção de shopping
Índice