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MEC prepara aperfeiçoamento de professores
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação criou
uma comissão para estabelecer
uma política de incentivo à formação de novos professores e de
estímulo à capacitação dos que já
estão na ativa. Recursos para esses
fins ainda não existem. O país tem
hoje um déficit de 253,8 mil profissionais na rede básica de educação de Estados e prefeituras.
Instituída em dezembro do ano
passado por meio de portaria do
MEC, a Capemp (Comissão de
Aperfeiçoamento de Professores
do Ensino Médio e Profissional),
ainda em fase de implantação, vai
assessorar o MEC no aperfeiçoamento técnico e pedagógico de
100 mil professores que hoje
atuam no ensino médio.
As associações nacionais de formação de professores e de pesquisa e pós-graduação em educação
estão entre as várias representantes da sociedade civil na Capemp.
A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) faz parte da sociedade científica.
"Não queremos que seja uma
ação de governo. A exemplo da
Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], que já tem 50 anos de história no ensino superior, queremos que a Capemp tenha um plano permanente de formação inicial e continuada de professores."
Falta professor
Mesmo sem ter um centavo do
orçamento do Ministério da Educação neste ano, os integrantes da
comissão dizem que o órgão pretende buscar soluções para tapar
parte do buraco provocado pela
falta de professores, especialmente de física e química.
Só no ensino médio, faltam 23,5
mil professores de física, segundo
estudo realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do
próprio ministério.
De 1990 a 2001, apenas 7.216
universitários se licenciaram em
física. Até 2010, a estimativa é outros 14.247 alunos façam o mesmo. "É o apagão da educação.
Mesmo que cada professor desse
aula em três turnos, não atenderíamos nem 50% da demanda",
diz o secretário de ensino médio e
tecnológico do Ministério da
Educação, Antônio Ibañez, 61.
Segundo ele, o primeiro passo
do MEC será descobrir qual a carência de professores nos Estados.
Para isso, está sendo elaborado
um Censo do Professor, que deve
ficar pronto até o final do ano.
Reitores de universidades públicas também estão sendo chamados para que se comprometam com a criação de 50 mil novas
vagas de licenciatura nos próximos quatro anos, especialmente
no período noturno.
Segundo Ibañez, os professores
que estão na ativa precisam de
conteúdos específicos de suas matérias atualizados. "O conhecimento é dinâmico, e eles devem
ser orientados pedagogicamente
para ajudar a melhorar o desempenho dos alunos", afirma.
A questão salarial é outro ponto
frágil que afugenta os novos professores. Para Ibañez, a criação do
Fundeb -fundo para o financiamento do ensino básico que vai
substituir o Fundef (do ensino
fundamental)- será uma das soluções para repor parte da defasagem salarial da categoria.
Aliada
O MEC também aposta na criação de ferramentas virtuais que
ajudem o professor na sala de aula
como uma das alternativas para
compensar o déficit.
A idéia é que a partir dos chamados objetos de aprendizagem,
programas pedagógicos virtuais
que seguem as orientações curriculares do ministério, os professores otimizem o tempo e tornem
suas aulas mais atrativas.
"Com a ajuda da tecnologia, em
vez de três ou quatro professores
de física, por exemplo, será necessário apenas um", afirma Fredric
Michael Lito, presidente da Abed
(Associação Brasileira de Educação à Distância).
Lito também coordena a Escola
do Futuro da USP de São Paulo,
um núcleo de pesquisa de novas
tecnologias aplicadas à educação.
Ele reconhece, porém, que, para
atingir essa meta, é preciso tapar
outros buracos, como a falta de
computadores ou a manutenção
dos equipamentos nas escolas.
Dados do próprio MEC dão
conta que seriam necessários 1,5
milhão de computadores para
equipar as escolas públicas com
laboratórios de informática de
uso pedagógico. Hoje, a rede conta com 220 mil computadores.
De acordo com Américo Bernardes, diretor-geral do ProInfo
(Programa Nacional de Informática na Educação), do MEC, a proposta é instalar de 70 mil a 80 mil
computadores nas escolas públicas até o fim do governo Lula.
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