São Paulo, terça, 12 de maio de 1998

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Adventistas esperam laudo policial

RITA NAZARETH
da Reportagem Local

As famílias das vítimas e os sobreviventes do acidente de ônibus que matou 14 adventistas no final de semana vão esperar o laudo da polícia para decidir se entrarão ou não na Justiça contra a organizadora da excursão.
A informação é do advogado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, João Mariano da Silva, que também diz que, se constatada a responsabilidade da empresa Trans Tur Neusa, a instituição religiosa processará a empresa.
O inquérito policial para apurar o caso foi instaurado em Pindamonhangaba (SP). Segundo o delegado responsável, os resultados devem sair entre sete e 15 dias.
Procurados pela Folha, os representantes da empresa Trans Tur Neusa não se pronunciaram.
Em depoimento, o motorista da empresa afirmou que, ao perder o freio, atirou o ônibus para fora da estrada. O veículo foi arrastado por cerca de 50 metros e se chocou contra uma árvore.
Enterro
Os 14 mortos no acidente foram enterrados ontem de manhã no Cemitério Municipal de Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de São Paulo). Além de abalados pelas perdas, os familiares e sobreviventes da tragédia se diziam conformados e amparados pela religião.
"Tudo o que acontece tem a permissão de Deus", diz a sobrevivente Laídes Pereira Jatobá, 24. "A empresa pode ter falhado na segurança, mas acredito que o motorista não foi o culpado."
Laídes, que frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia desde que nasceu, também afirma que o mais importante é que ela e os dois irmãos conseguiram sair do ônibus sem ferimentos graves.
"Fiquei acordada o tempo inteiro", diz a garota. "Quando tudo terminou, vi que o colega do lado estava morto e que teria de sair do ônibus pisando em algumas pessoas. Foi horrível."
"Acreditamos na ressurreição", diz a também sobrevivente Jesuína Rodrigues da Silva, 62, que perdeu a irmã, Nair Gusmão, 54, e o neto, Davi Gusmão, 17, no acidente. "Mesmo assim, vamos lutar pelo que é justo e correto", diz o filho de Nair, Amarildo Gusmão, 34.


Colaborou Raquel Vitorino, da Folha Vale


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