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NARCOTRÁFICO
Empresário é condenado a 20 anos de prisão
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
O empresário de Ponta Porã
(MS) Fahd Jamil foi condenado a
20 anos e três meses de prisão em
regime fechado e ao pagamento
de R$ 233 mil em multas pelos crimes de tráfico internacional de
drogas, associação para o tráfico,
lavagem de dinheiro e sonegação.
Os policiais cercaram a casa do
empresário, que continuava foragido até anteontem. Cabe recurso
contra a decretação da prisão, que
é de primeira instância.
A sentença do juiz Odilon de
Oliveira, da Justiça Federal em
Ponta Porã, condenou também
outras seis pessoas pelos mesmos
crimes. As penas somam 142 anos
e seis meses de prisão, e as multas,
R$ 1,4 milhão. Um dos condenados já presos pela polícia é o vereador de Ponta Porã Landolfo
Fernandes (PMDB), o mais votado na última eleição na cidade,
realizada em 2002.
A denúncia (acusação formal)
do Ministério Público Federal foi
feita em dezembro de 2000. A
Procuradoria sustenta que Jamil
usou dinheiro do tráfico de drogas e da sonegação fiscal para a
compra de 199 imóveis urbanos,
uma fazenda de 180 hectares e cotas do capital de quatro empresas,
entre outros bens.
Colômbia e Bolívia
O juiz Oliveira disse anteontem
à Folha que as informações contidas no processo mostram que o
grupo, que atuaria pelo menos
desde meados da década de 90,
trazia cocaína da Colômbia e da
Bolívia para o Brasil. A droga entrava no país pelo Paraguai -que
faz fronteira com Ponta Porã.
Jamil, que também foi condenado à perda de R$ 2,1 milhões em
bens, é citado no relatório final da
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) da Pirataria da Câmara
dos Deputados, concluída há um
ano. Ele aparece como "suspeito
de envolvimento com o crime organizado" na fronteira Brasil-Paraguai e um dos principais intermediários do contrabando de cigarros naquela região. Segundo o
relatório da CPI, ele "exerce forte
influência em Salto del Guayra e
Pedro Juan Caballero, importantes pontos de contrabando das
mais variadas mercadorias".
Em 1998, a Polícia Federal abriu
um inquérito para apurar depósitos suspeitos de R$ 15,3 milhões
em uma conta de Jamil, feitos de
julho de 1994 a novembro de 1996.
As declarações de rendimentos
do empresário de 1994 a 1997 somam apenas R$ 177 mil, segundo
a sentença.
A pedido do juiz Oliveira, o juiz
da cidade paraguaia de Pedro
Juan Caballero (vizinha de Porto
Porã), José Valiente, decretou a
prisão de Jamil naquele país. Segundo Oliveira, a medida é prevista em tratado de extradição
acertado entre os países.
O empresário poderá ficar preso por até 15 dias em solo paraguaio, prazo para o Brasil pedir
sua extradição.
Na quinta-feira, a Polícia Federal apreendeu dois carros na casa
de Jamil em Ponta Porã -um
Cherokee Sport e um Toyota Corolla. Dos sete condenados, cinco
estavam foragidos até sexta-feira.
A reportagem não conseguiu falar com os advogados de Jamil e
de Fernandes.
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