São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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NARCOTRÁFICO

Empresário é condenado a 20 anos de prisão

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

O empresário de Ponta Porã (MS) Fahd Jamil foi condenado a 20 anos e três meses de prisão em regime fechado e ao pagamento de R$ 233 mil em multas pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e sonegação.
Os policiais cercaram a casa do empresário, que continuava foragido até anteontem. Cabe recurso contra a decretação da prisão, que é de primeira instância.
A sentença do juiz Odilon de Oliveira, da Justiça Federal em Ponta Porã, condenou também outras seis pessoas pelos mesmos crimes. As penas somam 142 anos e seis meses de prisão, e as multas, R$ 1,4 milhão. Um dos condenados já presos pela polícia é o vereador de Ponta Porã Landolfo Fernandes (PMDB), o mais votado na última eleição na cidade, realizada em 2002.
A denúncia (acusação formal) do Ministério Público Federal foi feita em dezembro de 2000. A Procuradoria sustenta que Jamil usou dinheiro do tráfico de drogas e da sonegação fiscal para a compra de 199 imóveis urbanos, uma fazenda de 180 hectares e cotas do capital de quatro empresas, entre outros bens.

Colômbia e Bolívia
O juiz Oliveira disse anteontem à Folha que as informações contidas no processo mostram que o grupo, que atuaria pelo menos desde meados da década de 90, trazia cocaína da Colômbia e da Bolívia para o Brasil. A droga entrava no país pelo Paraguai -que faz fronteira com Ponta Porã.
Jamil, que também foi condenado à perda de R$ 2,1 milhões em bens, é citado no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pirataria da Câmara dos Deputados, concluída há um ano. Ele aparece como "suspeito de envolvimento com o crime organizado" na fronteira Brasil-Paraguai e um dos principais intermediários do contrabando de cigarros naquela região. Segundo o relatório da CPI, ele "exerce forte influência em Salto del Guayra e Pedro Juan Caballero, importantes pontos de contrabando das mais variadas mercadorias".
Em 1998, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar depósitos suspeitos de R$ 15,3 milhões em uma conta de Jamil, feitos de julho de 1994 a novembro de 1996. As declarações de rendimentos do empresário de 1994 a 1997 somam apenas R$ 177 mil, segundo a sentença.
A pedido do juiz Oliveira, o juiz da cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero (vizinha de Porto Porã), José Valiente, decretou a prisão de Jamil naquele país. Segundo Oliveira, a medida é prevista em tratado de extradição acertado entre os países.
O empresário poderá ficar preso por até 15 dias em solo paraguaio, prazo para o Brasil pedir sua extradição.
Na quinta-feira, a Polícia Federal apreendeu dois carros na casa de Jamil em Ponta Porã -um Cherokee Sport e um Toyota Corolla. Dos sete condenados, cinco estavam foragidos até sexta-feira.
A reportagem não conseguiu falar com os advogados de Jamil e de Fernandes.

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