|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍCIA
Detentos de penitenciária de Curitiba dominaram 19 pessoas e libertaram 9 até a noite de ontem; líderes querem transferência
Presos fazem 10 reféns em rebelião no PR
WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Cerca de 800 presos rebelados
faziam até as 19h20 de ontem dez
pessoas reféns no Presídio Provisório de Curitiba, localizado no
bairro do Ahu, uma das áreas nobres da capital do Paraná.
O motim começou por volta das
10h liderado por Joeli Oliveira
com apoio de um grupo de presos
de outros Estados. Oliveira é integrante de uma família de origem
paranaense que praticou vários
sequestros, entre eles o do irmão
dos cantores que formam a dupla
sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano no ano passado em Goiás.
Alguns dos líderes do motim
são os mesmos detentos que há 37
dias participaram de uma rebelião na Penitenciária Central do
Paraná, em Piraquara (região metropolitana de Curitiba), na qual
um preso foi morto, um agente
penitenciário ficou tetraplégico e
60% foi da cadeia destruída.
Ontem, os rebelados dominaram 14 agentes penitenciários,
dois pastores evangélicos e três
professores que dão aulas para os
detentos durante o banho de sol.
Em seguida, incendiaram diversas dependências e destelharam
parte da cadeia. Almoxarifado,
padaria, salas de aula e de ofício,
parte administrativa, consultórios médicos e odontológicos foram destruídos pelo fogo.
Durante o dia, os presos libertaram oito pessoas em troca de aparelhos radiotransmissores e de telefones celulares para a comunicação entre eles. Às 19h20, outro
refém foi libertado. A negociação
estava sendo feita com uma comissão integrada por Marco Antonio Sávio, coordenador-geral
do Departamento Penitenciário
do Paraná, e representantes das
Secretarias da Justiça e da Segurança Pública e da Polícia Militar.
Os líderes do motim conseguiram no final da tarde juntar-se a
de Joeli Oliveira, que, no começo
da rebelião, estava em uma ala de
triagem e observação, distante
dos seis pavilhões em que estavam os amotinados. Os presos
reivindicavam a revisão de penas,
pediam transferências para presídios do MT e protestavam contra
a superlotação da cadeia.
Segundo o governo do Paraná, a
cadeia tem capacidade para 800
presos e abriga atualmente 792.
Para o Sindicato dos Agentes Penitenciários, o presídio suporta
apenas 300 detentos.
"Esses presos que lideram a rebelião são de outros Estados. Eles
vêm aqui quebrar tudo porque
não tem ligações com o Paraná,
não tem parentes aqui. Quebram
tudo e vão embora. Temos de jogar duro com essa gente", afirmou o major Nemésio Xavier de
França, que coordenava o policiamento de fora do presídio.
Cerca de 400 PMs, entre eles homens da tropa de choque, cercaram o presídio para impedir a fuga de presos. A cadeia, localizada
a menos de um quilômetro da casa do governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), fica ao lado de
um quartel da Polícia Militar.
Por volta das 17h30, os presos
levaram três ex-policiais -que
estão detidos no local- para o telhado e ameaçaram jogá-los, caso
a PM tentasse invadir o local.
Os líderes entregariam à noite
uma lista com os nomes dos presos que reivindicavam transferência. "Os companheiros não querem liberar os reféns por temer
uma ação violenta da PM na madrugada", disse um preso que se
identificou como Carlão e que estava com um celular na cadeia.
Texto Anterior: Escola de tiro obtém liminar que libera registro de armamentos Próximo Texto: Ladrões assaltam prédio do TRE e levam aparelhos eletroeletrônicos Índice
|