São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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POLÍCIA
Detentos de penitenciária de Curitiba dominaram 19 pessoas e libertaram 9 até a noite de ontem; líderes querem transferência
Presos fazem 10 reféns em rebelião no PR

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Cerca de 800 presos rebelados faziam até as 19h20 de ontem dez pessoas reféns no Presídio Provisório de Curitiba, localizado no bairro do Ahu, uma das áreas nobres da capital do Paraná.
O motim começou por volta das 10h liderado por Joeli Oliveira com apoio de um grupo de presos de outros Estados. Oliveira é integrante de uma família de origem paranaense que praticou vários sequestros, entre eles o do irmão dos cantores que formam a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano no ano passado em Goiás.
Alguns dos líderes do motim são os mesmos detentos que há 37 dias participaram de uma rebelião na Penitenciária Central do Paraná, em Piraquara (região metropolitana de Curitiba), na qual um preso foi morto, um agente penitenciário ficou tetraplégico e 60% foi da cadeia destruída.
Ontem, os rebelados dominaram 14 agentes penitenciários, dois pastores evangélicos e três professores que dão aulas para os detentos durante o banho de sol. Em seguida, incendiaram diversas dependências e destelharam parte da cadeia. Almoxarifado, padaria, salas de aula e de ofício, parte administrativa, consultórios médicos e odontológicos foram destruídos pelo fogo.
Durante o dia, os presos libertaram oito pessoas em troca de aparelhos radiotransmissores e de telefones celulares para a comunicação entre eles. Às 19h20, outro refém foi libertado. A negociação estava sendo feita com uma comissão integrada por Marco Antonio Sávio, coordenador-geral do Departamento Penitenciário do Paraná, e representantes das Secretarias da Justiça e da Segurança Pública e da Polícia Militar.
Os líderes do motim conseguiram no final da tarde juntar-se a de Joeli Oliveira, que, no começo da rebelião, estava em uma ala de triagem e observação, distante dos seis pavilhões em que estavam os amotinados. Os presos reivindicavam a revisão de penas, pediam transferências para presídios do MT e protestavam contra a superlotação da cadeia.
Segundo o governo do Paraná, a cadeia tem capacidade para 800 presos e abriga atualmente 792. Para o Sindicato dos Agentes Penitenciários, o presídio suporta apenas 300 detentos.
"Esses presos que lideram a rebelião são de outros Estados. Eles vêm aqui quebrar tudo porque não tem ligações com o Paraná, não tem parentes aqui. Quebram tudo e vão embora. Temos de jogar duro com essa gente", afirmou o major Nemésio Xavier de França, que coordenava o policiamento de fora do presídio.
Cerca de 400 PMs, entre eles homens da tropa de choque, cercaram o presídio para impedir a fuga de presos. A cadeia, localizada a menos de um quilômetro da casa do governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), fica ao lado de um quartel da Polícia Militar.
Por volta das 17h30, os presos levaram três ex-policiais -que estão detidos no local- para o telhado e ameaçaram jogá-los, caso a PM tentasse invadir o local.
Os líderes entregariam à noite uma lista com os nomes dos presos que reivindicavam transferência. "Os companheiros não querem liberar os reféns por temer uma ação violenta da PM na madrugada", disse um preso que se identificou como Carlão e que estava com um celular na cadeia.



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