São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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Brasil não será afetado até 2010

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Relatório da Usaid (Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA) aponta que a Aids não vai mais interferir na queda do crescimento populacional do Brasil até 2010. Desde 82, a doença foi responsável pela redução de 0,3% na taxa de aumento da população.
Os dados foram apresentados anteontem durante o 13º Congresso Mundial de Aids, em Durban, na África do Sul.
A população brasileira cresceu 1,32% no último ano, passando de 163,9 milhões de pessoas para 166,1 milhões. Para 1º de julho de 2010, o IBGE projeta 187,8 milhões de habitantes.
O relatório informou ainda que a expectativa de vida dos portadores do HIV, hoje, no Brasil, é de 62,9 anos. Em dez anos, a projeção é que chegue a 66,3 anos devido, principalmente, à introdução do coquetel de medicamentos no tratamento de pacientes.
"O pior impacto da Aids no Brasil já passou", disse Paulo Roberto Teixeira, coordenador do Programa Brasileiro de DST/Aids, do Ministério da Saúde.
Mesmo avaliando que a notícia seja positiva, Teixeira contestou os dados da Usaid. "Esses dados são exagerados", disse.
O impacto da Aids na África é muito maior que o indicado pelos números brasileiros. A partir de 2003, Botswana, África do Sul e Zimbábue terão redução no crescimento populacional.
"Se não fosse pela Aids, esses países teriam um crescimento populacional de 2% a 3% até 2010", informou Karen Stanecki, do Censo dos EUA, responsável pela pesquisa feita a pedido da Usaid.
"Ninguém acreditaria, cinco anos atrás, que haveria países onde mais de 30% das pessoas estariam infectadas."
Em Botswana, o país africano mais afetado, a expectativa de vida é, hoje, de 39 anos. Em 2010, estará em 29.
"No início da epidemia, a África já apresentava números alarmantes", afirmou Teixeira. "O problema é que a África não recebeu a devida atenção na época."
Segundo o Unaids (programa de HIV/Aids da Organização das Nações Unidas) cerca de 0,5% a 1% da população brasileira está infectada. A taxa é semelhante à dos EUA.
Para Teixeira, o Brasil tem taxas menores por ter tomado iniciativas próprias. "O Brasil trabalha com os três principais aspectos da doença: prevenção, assistência e impacto social", disse.
A Uganda começou recentemente, com auxílio externo, a trabalhar com a prevenção do HIV, distribuindo preservativos. Entretanto, nada foi realizado no campo assistencial. "É preciso ajudar as pessoas com e sem o HIV", disse Teixeira.
O Brasil e os países do sul da África são exemplos distintos. "O Brasil nunca chegará perto da situação atual da África. Nós estamos trabalhando desde meados dos anos 80. A África começou nos anos 90. Foi um tempo perdido", disse Teixeira.



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