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Brasil não será afetado até 2010
DOS ENVIADOS ESPECIAIS
Relatório da Usaid (Agência de
Desenvolvimento Internacional
dos EUA) aponta que a Aids não
vai mais interferir na queda do
crescimento populacional do Brasil até 2010. Desde 82, a doença foi
responsável pela redução de 0,3%
na taxa de aumento da população.
Os dados foram apresentados
anteontem durante o 13º Congresso Mundial de Aids, em Durban, na África do Sul.
A população brasileira cresceu
1,32% no último ano, passando de
163,9 milhões de pessoas para
166,1 milhões. Para 1º de julho de
2010, o IBGE projeta 187,8 milhões de habitantes.
O relatório informou ainda que
a expectativa de vida dos portadores do HIV, hoje, no Brasil, é de
62,9 anos. Em dez anos, a projeção é que chegue a 66,3 anos devido, principalmente, à introdução
do coquetel de medicamentos no
tratamento de pacientes.
"O pior impacto da Aids no Brasil já passou", disse Paulo Roberto
Teixeira, coordenador do Programa Brasileiro de DST/Aids, do
Ministério da Saúde.
Mesmo avaliando que a notícia
seja positiva, Teixeira contestou
os dados da Usaid. "Esses dados
são exagerados", disse.
O impacto da Aids na África é
muito maior que o indicado pelos
números brasileiros. A partir de
2003, Botswana, África do Sul e
Zimbábue terão redução no crescimento populacional.
"Se não fosse pela Aids, esses
países teriam um crescimento populacional de 2% a 3% até 2010",
informou Karen Stanecki, do
Censo dos EUA, responsável pela
pesquisa feita a pedido da Usaid.
"Ninguém acreditaria, cinco
anos atrás, que haveria países onde mais de 30% das pessoas estariam infectadas."
Em Botswana, o país africano
mais afetado, a expectativa de vida é, hoje, de 39 anos. Em 2010, estará em 29.
"No início da epidemia, a África
já apresentava números alarmantes", afirmou Teixeira. "O problema é que a África não recebeu a
devida atenção na época."
Segundo o Unaids (programa
de HIV/Aids da Organização das
Nações Unidas) cerca de 0,5% a
1% da população brasileira está
infectada. A taxa é semelhante à
dos EUA.
Para Teixeira, o Brasil tem taxas
menores por ter tomado iniciativas próprias. "O Brasil trabalha
com os três principais aspectos da
doença: prevenção, assistência e
impacto social", disse.
A Uganda começou recentemente, com auxílio externo, a trabalhar com a prevenção do HIV,
distribuindo preservativos. Entretanto, nada foi realizado no
campo assistencial. "É preciso
ajudar as pessoas com e sem o
HIV", disse Teixeira.
O Brasil e os países do sul da
África são exemplos distintos. "O
Brasil nunca chegará perto da situação atual da África. Nós estamos trabalhando desde meados
dos anos 80. A África começou
nos anos 90. Foi um tempo perdido", disse Teixeira.
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