DA REPORTAGEM LOCAL

Procura-se um milagre realizado depois de 1980 e por um único autor: o beato José de Anchieta. São necessárias provas científicas e relatos detalhados.
Quem souber de um deve procurar a Canan (Associação Pró-Canonização de Anchieta). É o que falta para encerrar um dos mais longos processos de canonização na história católica.
A questão se arrasta desde 1602 -cinco anos após o jesuíta morrer, quando o Vaticano deu o sinal verde para o processo.
Na época, a intenção da igreja era aguardar um período para comprovar se a fé do povo não diminuiria com o tempo.
Hoje, a entidade, que foi criada no final de 2001 para tentar facilitar esse trabalho, acompanha de perto 16 pessoas com algum tipo de problema e que estão rezando ao beato.
Em relação a seis delas, diz o padre Cesar Augusto dos Santos, vice-postulador da causa, os médicos já afirmaram que não há mais jeito. Duas pessoas estão em coma, uma vítima de assalto, e quatro sofrem com câncer.
O caso que mais chama a atenção é o de uma menina de quatro anos, que há 15 dias sobrevive internada em um hospital, apesar dos diagnósticos desfavoráveis da medicina. "Temos acompanhado diariamente a família, que está orando muito", afirma.
A fama de curar doentes é antiga. Em 82, os postuladores investigaram o caso de uma criança que, não se sabe como, teve falha óssea no calcanhar corrigida depois de sua avó usar um lenço tocado na relíquia de Anchieta para massagear o lugar. O problema é que o caso teria acontecido na década de 60, no Espírito Santo, antes da beatificação. Para ser santo, o milagre tem de ser posterior.
Com a criação da Canan, mantida pela Companhia de Jesus, a igreja tem tentado recuperar a imagem do jesuíta como homem religioso. "O Anchieta ficou mais próximo do povo como personagem histórico", afirma Santos.
O vice-postulador, que é indicado pelo Vaticano, atua como um advogado de defesa do candidato a santo e relações públicas dele.
Nesses quatro séculos, importantes personagens da história pediram ao Vaticano em favor do padre Anchieta, como a princesa Isabel e o próprio d. Pedro 2º.
A Canan participa de organização de missas, eventos, visitas e peças teatrais que contribuem para a difusão da vida de Anchieta no Brasil e no mundo. "O milagre só vai acontecer quando o padre Anchieta for tido pelo povo como grande testemunho do amor de Deus. Enquanto for tido apenas como personagem histórico, Deus não vai se manifestar por meio dele", diz o vice-postulador.
Em média, a Canan recebe 50 cartas por mês, a maioria relatando graças alcançadas.
Quem quiser mais informações sobre a Canan pode acessar a página recém-lançada na internet: www.canan.org.br. No site, há a relação dos 39 divulgadores de Anchieta no país e que participam da "caça" ao milagre.


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