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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura ainda não divulgou o custo da campanha publicitária dos escolões, veiculada em jornais e televisões
Promotor investigará propaganda dos CEUs
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Sérgio Turra Sobrane, secretário da Promotoria
de Justiça da Cidadania do Ministério Público do Estado de São
Paulo, informou ontem que vai
abrir uma investigação sobre a
campanha publicitária realizada
pela Prefeitura de São Paulo para
promover os CEUs (Centros Educacionais Unificados, conhecidos
como escolões).
Ontem, a prefeitura publicou
anúncios sequenciais de quatro
páginas inteiras em jornais paulistanos. Com fotos aéreas do
CEU Jambeiro, inaugurado no último dia 1º de agosto, e das outras
20 unidades em construção, os
anúncios afirmam que os CEUs
são "o maior programa de educação já feito no país".
Desde domingo, as redes de televisão veiculam em horário nobre anúncios sobre a construção
dos escolões, também com imagens aéreas tanto do CEU Jambeiro quanto dos que ainda estão em
construção.
Sobrane disse que o objetivo da
investigação é avaliar a proporcionalidade e a necessidade de
despesas municipais com a campanha publicitária. Pelo raciocínio dele, como todos os meios de
comunicação divulgaram a criação das novas escolas, seria questionável a necessidade de uma
campanha paga para informar a
população.
Hoje, Sobrane deve abrir a investigação e distribuir o caso para
um dos promotores da Promotoria de Justiça da Cidadania, que
terá a possibilidade de instaurar
um inquérito civil sobre o caso.
Caso fique comprovada a existência de ilegalidade, a Promotoria poderá propor uma ação de
responsabilidade por ato de improbidade administrativa contra
os agentes públicos responsáveis
pela veiculação da campanha. Se a
Promotoria julgar que tudo foi legal, o caso será arquivado.
Custos
A Secretaria de Comunicação
Social da prefeitura não informou
ontem o custo da campanha publicitária, que foi elaborada pela
agência de publicidade contratada pela administração municipal.
A secretaria alegou que o departamento que cuida da publicidade
da prefeitura iria fazer um levantamento sobre as despesas e que
somente hoje a informação seria
divulgada à imprensa.
A secretaria também não informou a duração da campanha, o
número de veículos envolvidos e
o número de inserções dos anúncios dos escolões.
Proporcionalidade
O advogado Benedicto Porto
Neto, professor de direito administrativo da PUC-SP, disse que,
em tese, há elementos para que a
Promotoria de Justiça da Cidadania inicie uma investigação sobre
a proporcionalidade das despesas
da prefeitura com a campanha.
Ele diz que a administração tem
o "dever de informar a população" e que tem liberdade para decidir a melhor forma de veicular a
publicidade oficial. Além disso,
segundo o advogado, a publicação dos anúncios também é uma
forma de a prefeitura prestar contas sobre a destinação do dinheiro
público que arrecada.
"Resta verificar se foi respeitado
o princípio da razoabilidade. Se as
despesas do município foram
proporcionais ao investimento e
se a prefeitura tradicionalmente
realiza campanhas desse porte
para divulgar seus projetos, não
há problema. Mas, se a investigação verificar que houve exagero,
pode ficar configurada a promoção pessoal de administradores
públicos, o que é ilegal", disse.
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