São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

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Padres afirmam que políticos prometeram, mas não ajudaram

WILLIAM FRANÇA
enviado especial a Anápolis (GO)

Parentes de vítimas do acidente estão irritados com a dificuldade na identificação e liberação dos corpos, apesar da promessa de políticos e de entidades de facilitar e auxiliar no que fosse preciso.
Somente ontem, 81 horas após o acidente ocorrido na madrugada de terça, houve o primeiro sepultamento de uma vítima -Maria Cândida Oliveira, 49, que morreu anteontem, em Anápolis. Cerca de 150 pessoas o acompanharam.
Ontem, um grupo de parentes de vítimas esteve na casa paroquial da igreja Nossa Senhora Aparecida -de onde partiram os romeiros- para cobrar mais agilidade na identificação de corpos.
"Eu sonho com a minha mãe morta, queimada, embalada num saco preto. Aí não consigo dormir mais", disse em prantos Gisele dos Santos, cuja mãe ainda está entre as vítimas não identificadas.
"Na hora da tragédia, muitas pessoas, em especial políticos, apareceram fazendo promessas e dando telefones. Na hora em que precisamos, os telefones nunca atendem. Para mim, eles querem é voto", disse o padre Renato Lopes, 32, responsável pela paróquia.
Segundo o padre Renato, por causa do excesso de trabalho e da "pressão psicológica e espiritual", três de seus auxiliares foram parar no hospital com crise nervosa.
Nas horas seguintes ao acidente, políticos como o prefeito Ademar Santillo (PMDB), a mulher dele, a candidata a deputada estadual Onaide Santillo, e a deputada federal Lídia Quinan (PMDB) se colocaram à disposição até mesmo para bancar os custos com traslados e despesas hospitalares.
Ontem, a Embratur informou que a empresa Centro-Oeste Turismo, que levava os romeiros, não estava cadastrada pela entidade desde 96. Isso não a impedia de operar fretamentos, pois a inscrição é facultativa.



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