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Padres afirmam que políticos
prometeram, mas não ajudaram
WILLIAM FRANÇA
enviado especial a Anápolis (GO)
Parentes de vítimas do acidente
estão irritados com a dificuldade
na identificação e liberação dos
corpos, apesar da promessa de políticos e de entidades de facilitar e
auxiliar no que fosse preciso.
Somente ontem, 81 horas após o
acidente ocorrido na madrugada
de terça, houve o primeiro sepultamento de uma vítima -Maria
Cândida Oliveira, 49, que morreu
anteontem, em Anápolis. Cerca de
150 pessoas o acompanharam.
Ontem, um grupo de parentes
de vítimas esteve na casa paroquial da igreja Nossa Senhora
Aparecida -de onde partiram os
romeiros- para cobrar mais agilidade na identificação de corpos.
"Eu sonho com a minha mãe
morta, queimada, embalada num
saco preto. Aí não consigo dormir
mais", disse em prantos Gisele dos
Santos, cuja mãe ainda está entre
as vítimas não identificadas.
"Na hora da tragédia, muitas
pessoas, em especial políticos,
apareceram fazendo promessas e
dando telefones. Na hora em que
precisamos, os telefones nunca
atendem. Para mim, eles querem é
voto", disse o padre Renato Lopes,
32, responsável pela paróquia.
Segundo o padre Renato, por
causa do excesso de trabalho e da
"pressão psicológica e espiritual",
três de seus auxiliares foram parar
no hospital com crise nervosa.
Nas horas seguintes ao acidente,
políticos como o prefeito Ademar
Santillo (PMDB), a mulher dele, a
candidata a deputada estadual
Onaide Santillo, e a deputada federal Lídia Quinan (PMDB) se colocaram à disposição até mesmo
para bancar os custos com traslados e despesas hospitalares.
Ontem, a Embratur informou
que a empresa Centro-Oeste Turismo, que levava os romeiros,
não estava cadastrada pela entidade desde 96. Isso não a impedia de
operar fretamentos, pois a inscrição é facultativa.
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