São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997.



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CRÍTICA
Campeão de vendas simplifica narrativa

MÔNICA RODRIGUES COSTA
Editora da Folhinha

Somados, os três livros mais vendidos do escritor paulista Pedro Bandeira já ultrapassaram a casa do 1 milhão.
Pelas contas da editora Moderna, "A Droga da Obediência", "A Marca de uma Lágrima" e "A Droga do Amor" venderam, juntos, 1,38 milhão de exemplares desde 1984.
Pedro Bandeira, 55, é um sucesso editorial, exemplo da literatura infantil e juvenil que conheceu seu "boom" a partir dos anos 70. É o escritor mais lido por crianças e jovens entre 11 e 15 anos na biblioteca pública Clara Luz 2, de São Paulo.
Em levantamento da biblioteca, entre junho de 96 e junho de 97, Bandeira aparece com seis títulos entre os mais retirados.
Muito adotada em escolas, sua obra é uma mostra da abordagem paradidática da literatura. Os livros, que privilegiam a trinca suspense-ação-mistério, de tema superficial e linguagem "simplificada", parecem feitos propositadamente para fins pedagógicos.
Bandeira escreve baseado numa fórmula que se repete. A coleção "A Turma dos Karas", por exemplo, é uma série de histórias cujo enredo gira em torno de um grupo de adolescentes que se dedica à solução de crimes complicados.
As narrativas têm a mesma estrutura -peripécia, nó, desfecho- e minimizam as relações psicológicas entre personagens.
Críticos têm apontado o "eixo de inverossimilhança" que sustenta as narrativas, além do "ufanismo demagógico" delas.
Mirian Dias, 47, uma das responsáveis pelo programa das salas de leitura das escolas municipais de São Paulo, aproxima o estilo do escritor da narrativa da TV. "Pedro Bandeira não tem profundidade, mas tem humor, ritmo de escrita dinâmico, parecido com a TV, que o aluno lê como distração."


Colaborou Marilene Felinto, da Equipe de Articulistas



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