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Mãe cria 11 com chiclete e esmola
da Reportagem Local
A mãe de T.S.V., a desempregada M.S., 36, sustenta 11 crianças
vendendo chicletes e pedindo esmolas há mais de quatro anos,
desde que seu marido foi assassinado com um tiro na cabeça no
Jardim Ângela (zona sul).
"Não vou roubar nem me prostituir, até porque ninguém vai me
querer. Então, o melhor é vender
chiclete e pedir uma ajuda, pois
dá quem quiser e pedir não envergonha a ninguém", disse ontem a
desempregada.
Além de T., M. cria mais seis filhos, o filho recém-nascido da filha mais velha, de 17 anos, e três
filhos do segundo casamento do
primeiro marido, de quem se separou para viver com o pai de T.
Ela diz que a venda de chicletes
e as esmolas rendem de R$ 3 a R$
20 por dia e que leva sempre as
crianças para ajudá-la. "Às vezes
levo duas, às vezes cinco, como
ontem (anteontem)", disse.
M. conta que o pai de T. e de outros quatro de seus filhos era "garçom em hotel cinco estrelas" e
conseguia sustentar a todos com
o emprego, além de deixar para a
família uma casa.
"Mas, depois que ele morreu, eu
tive que deixar o emprego para
cuidar das crianças e reservo o final do dia para ir vender chicletes.
Passo só quatro horas no farol
porque assim acho que não canso
muito as crianças que têm que estudar", conta Magali.
Ela afirma que T., além do dinheiro que consegue cuidando
dos carros, fez muitas amizades
entre clientes do supermercado e
que muitos deles ajudam também
com mantimentos.
A casa em que mora com os filhos tem dois quartos, cozinha e
banheiro. Há um fogão, geladeira
e televisão, mas não há camas para todos.
Comida
"O mais importante é a comida.
Eles têm que comer bastante para
conseguir estudar e serem alguém
na vida. O Pit (apelido de T.) diz
que quer ser engenheiro."
Apesar de não ter renda fixa, M.
diz ter melhores condições que o
ex-marido (pai da filha mais velha) e por isso cuida de três filhos
do segundo casamento dele.
"Aquele não tem onde cair
morto e, depois que a mulher dele
morreu, eu não pensei duas vezes
em ajudá-lo", conta.
Perguntada se pediria indenização ao Pão de Açúcar, M., que só
sabe assinar o nome, disse não saber do que se tratava. Ao lhe explicarem o que era a indenização,
disse que não poderia arcar com
um processo.
Apesar de achar que o que foi
feito com seu filho é uma "coisa
sem explicação, porque ele não
fez coisa errada", M. diz que não
guarda mágoa do segurança. "Eu
não desejo o mal para ele não. Espero que ele possa trabalhar e ser
um cidadão de bem", disse.
(MO)
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