São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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ACIDENTE

Embarcação de madeira viajava no rio Solimões, no Amazonas, com cerca de 100 passageiros

3 morrem e 39 desaparecem em naufrágio

JAIRO MARQUES
FERNANDA SANTIAGO
KAMILA FERNANDES
da Agência Folha

Pelo menos três pessoas morreram em um naufrágio no rio Solimões, no Amazonas. Há pelo menos 39 pessoas desaparecidas, embora a lista oficial divulgada pelo governo inclua apenas oito nomes.
De acordo com relatos de sobreviventes -58 até o final da tarde de ontem-, havia cerca de cem pessoas na embarcação na hora da tragédia.
A Capitania dos Portos informou que 85 pessoas embarcaram em Manaus, local de partida do barco Capitão Pinheiro 2, que estava indo para Tefé (663 km de Manaus por via fluvial).
O acidente aconteceu por volta das 22h30 (horário de Brasília -20h30 horário local) de anteontem, próximo ao vilarejo de Itapeua, a 3 km de Coari, município mais próximo do local.
Segundo informações do governo do Estado, o barco teria batido em uma pedra, devido ao baixo nível das águas do rio Solimões, que na região varia de 60m a 100m.
O Capitão Pinheiro 2 estaria a cerca de cem metros da margem.
Sobreviventes contaram que o casco do barco rachou e a água começou a invadir o convés rapidamente. Uma névoa densa atrapalhava a visibilidade da tripulação no momento do acidente.
A embarcação teria inclinado e afundado em cerca de cinco minutos. O barco, conhecido como "regional", é de madeira, com porão e espaço para abrigar pessoas em redes e em camarotes.
As pessoas tentaram se salvar agarrando-se em caixas de isopor e umas às outras.
"Eu nadei pelo menos uns 30 minutos para chegar até a margem. A água estava escura e havia um pouco de correnteza", disse Reicivam da Silva Lopes, 21.

Socorro
Pequenos barcos que estavam próximos ao local do acidente foram os primeiros a socorrer as vítimas, que eram içadas.
Equipes da Marinha, do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e voluntários trabalhavam no local. Quinze mergulhadores se revezavam no fundo no rio para tentar localizar mais vítimas.
Três helicópteros e lanchas também estavam sendo utilizados.
Às 16h de ontem (18h, horário de Brasília), os bombeiros deram por encerradas as buscas. A embarcação foi localizada a 60m de profundidade. Os equipamentos do resgate eram insuficientes.
A Marinha deve levar hoje ao local do acidente cilindros de oxigênio adequados para mergulho nessa profundidade.
O coronel Nilson Pereira da Silva, chefe da Defesa Civil estadual, disse que "há possibilidade de pessoas estarem presas na embarcação no fundo do rio".
O Capitão Pinheiro 2, de propriedade de Pedro da Silva Abreu, fazia semanalmente a viagem Manaus-Tefé, com uma parada em Coari (a cerca de 346 km da capital amazonense). Ao todo, a trajetória demorava 48 horas.
O barco transportava também uma carga cujo peso foi avaliado em 60 toneladas, segundo depoimento do dono da embarcação.
Durante o percurso da viagem, é comum que barcos desse tipo façam paradas.
A polícia abriu um inquérito para apurar as causas e os responsáveis do acidente. Foram feitos exames de sangue em todos os membros da tripulação para verificar o teor alcoólico.
Há ainda divergências quanto à capacidade do barco. A Capitania dos Portos informou que a embarcação poderia levar 150 pessoas, mas o governo estadual diz que só caberiam 80.


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