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ACIDENTE
Embarcação de madeira viajava no rio Solimões, no Amazonas, com cerca de 100 passageiros
3 morrem e 39 desaparecem em naufrágio
JAIRO MARQUES
FERNANDA SANTIAGO
KAMILA FERNANDES
da Agência Folha
Pelo menos três pessoas morreram em um naufrágio no rio Solimões, no Amazonas. Há pelo menos 39 pessoas desaparecidas,
embora a lista oficial divulgada
pelo governo inclua apenas oito
nomes.
De acordo com relatos de sobreviventes -58 até o final da tarde
de ontem-, havia cerca de cem
pessoas na embarcação na hora
da tragédia.
A Capitania dos Portos informou que 85 pessoas embarcaram
em Manaus, local de partida do
barco Capitão Pinheiro 2, que estava indo para Tefé (663 km de
Manaus por via fluvial).
O acidente aconteceu por volta
das 22h30 (horário de Brasília
-20h30 horário local) de anteontem, próximo ao vilarejo de Itapeua, a 3 km de Coari, município
mais próximo do local.
Segundo informações do governo do Estado, o barco teria batido
em uma pedra, devido ao baixo
nível das águas do rio Solimões,
que na região varia de 60m a
100m.
O Capitão Pinheiro 2 estaria a
cerca de cem metros da margem.
Sobreviventes contaram que o
casco do barco rachou e a água
começou a invadir o convés rapidamente. Uma névoa densa atrapalhava a visibilidade da tripulação no momento do acidente.
A embarcação teria inclinado e
afundado em cerca de cinco minutos. O barco, conhecido como
"regional", é de madeira, com porão e espaço para abrigar pessoas
em redes e em camarotes.
As pessoas tentaram se salvar
agarrando-se em caixas de isopor
e umas às outras.
"Eu nadei pelo menos uns 30
minutos para chegar até a margem. A água estava escura e havia
um pouco de correnteza", disse
Reicivam da Silva Lopes, 21.
Socorro
Pequenos barcos que estavam
próximos ao local do acidente foram os primeiros a socorrer as vítimas, que eram içadas.
Equipes da Marinha, do Corpo
de Bombeiros, da Defesa Civil e
voluntários trabalhavam no local.
Quinze mergulhadores se revezavam no fundo no rio para tentar
localizar mais vítimas.
Três helicópteros e lanchas também estavam sendo utilizados.
Às 16h de ontem (18h, horário
de Brasília), os bombeiros deram
por encerradas as buscas. A embarcação foi localizada a 60m de
profundidade. Os equipamentos
do resgate eram insuficientes.
A Marinha deve levar hoje ao local do acidente cilindros de oxigênio adequados para mergulho
nessa profundidade.
O coronel Nilson Pereira da Silva, chefe da Defesa Civil estadual,
disse que "há possibilidade de
pessoas estarem presas na embarcação no fundo do rio".
O Capitão Pinheiro 2, de propriedade de Pedro da Silva Abreu,
fazia semanalmente a viagem Manaus-Tefé, com uma parada em
Coari (a cerca de 346 km da capital amazonense). Ao todo, a trajetória demorava 48 horas.
O barco transportava também
uma carga cujo peso foi avaliado
em 60 toneladas, segundo depoimento do dono da embarcação.
Durante o percurso da viagem,
é comum que barcos desse tipo
façam paradas.
A polícia abriu um inquérito para apurar as causas e os responsáveis do acidente. Foram feitos
exames de sangue em todos os
membros da tripulação para verificar o teor alcoólico.
Há ainda divergências quanto à
capacidade do barco. A Capitania
dos Portos informou que a embarcação poderia levar 150 pessoas, mas o governo estadual diz
que só caberiam 80.
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