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Passageira culpa comandante do barco
JAIRO MARQUES
da Agência Folha
Todos os 58 sobreviventes do
naufrágio no rio Solimões foram
levados para Coari (cerca de 346
km a oeste de Manaus). Os sobreviventes com os quais a Agência
Folha falou por telefone afirmaram que o barco Capitão Pinheiro
2 estava muito cheio e com muita
carga.
Maria Luciene dos Santos Mendes, 28, perdeu uma menina de 2
anos e um bebê de 6 meses.
"O comandante do navio vinha
bebendo. Todo mundo viu. Ele
não teve responsabilidade", afirmou Maria Luciene.
Ela disse que estava dormindo
na hora do acidente e não teve como salvar a vida das duas filhas,
que se perderam na água. "Perdi
minhas filhas, mas consegui ajudar uma senhora e uma criança."
Reicivam da Silva Lopes, 21, disse que "tinha de tudo" no barco.
"Vi muita galinha, muitas caixas
de cerveja e até algumas motos. A
pancada foi muito forte. Eu fui jogado da rede onde estava dormindo", afirmou. Ele embarcou sozinho em Manaus e mora com a família em Tefé.
Lopes contou que não teve condições de ajudar ninguém. "Não
deu. Tive de me agarrar em umas
caixas de isopor para conseguir
viver. Eu via crianças e muita gente gritando, mas, infelizmente,
não pude fazer nada."
Segundo o relato dos sobreviventes, o barco demorou cerca de
cinco minutos para ficar completamente submerso. A água do rio
Solimões estava muito turva. As
vítimas disseram estar com a sensação de que havia óleo na água.
As pessoas não conseguiam agarrar-se com firmeza a objetos nem
umas nas outras.
"Foi muito rápido e muito horrível. É difícil de falar. Graças a
Deus, consegui salvar a minha filha", declarou Rosileide Satiro
Seadra, 36.
Um sargento do Exército, que
disse não ter autorização para se
identificar, viu uma criança de
cinco anos se afogar bem próximo a ele.
"Estava em um camarote com
minha filha e minha mulher.
Quando ouvi o estrondo, peguei
as duas e um menino que chorava
muito. Conseguimos sair do barco e pegar uma bóia. Eu pedi a todos que se agarrassem a mim. Infelizmente o menino não conseguiu manter a cabeça fora d'água", disse o sargento.
O menino era Ricardo Lima
Souza, 5. Seu corpo já foi encontrado. Ele viajava com a mãe, Lucimara Lima de Souza Miranda.
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