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Cineasta faz filme de ficção inspirado na polícia do Rio
DA REDAÇÃO
"Tropa de Elite", próximo filme
de José Padilha, nasceu da experiência do ex-capitão da PM Rodrigo Pimentel dentro do Bope
(Batalhão de Operações Especiais). Pimentel foi co-produtor
de "Ônibus 174" e é um dos roteiristas desse próximo trabalho.
"O que rege o roteiro em grande
parte é a realidade. Optei pela ficção porque "Tropa de Elite" não é
um filme exequível como documentário", afirma Padilha. "Nenhum policial estaria disposto a
falar à câmera as histórias que eles
me contaram. Por motivos óbvios", completa.
A produção, de R$ 7 milhões, já
consumiu três anos de pesquisa
sobre o tema. O Bope é a força da
polícia do Rio que encabeça operações nos morros.
Corrupção
A narrativa se inspira na estrutura de "Os Bons Companheiros", filme de Martin Scorsese sobre um rapaz que se envolve com
a Máfia. A idéia do diretor é apresentar um jovem, em meados dos
anos 80, que pretende se formar
em direito e escolhe a polícia como profissão para financiar seus
estudos. Na Polícia Militar, se depara com uma estrutura corrupta.
Ao ir para o Bope, que possuía
uma imagem distinta e era uma
espécie de centro de excelência na
polícia do Rio, encontra uma forma de atuação que se baseia muito na violência.
Mas o roteiro é inspirado em relatos dados por 17 integrantes da
Polícia Militar e dois psiquiatras
da corporação. Padilha diz que
não é comum no Brasil um filme
feito a partir do ponto de vista do
policial, que relata o estresse e os
dilemas que vivencia.
"No filme americano sobre o
Vietnã, o sujeito vai à guerra, passa pela violência por um ano e
meio e, na volta, tem problemas
para se adaptar. No Bope o sujeito
é normal, tem família e amigos,
mas vai para o Vietnã todos os
dias e depois volta para casa",
compara Padilha.
Atores
O cineasta ainda não escolheu o
ator que fará o protagonista, que é
negro. "Provavelmente será um
rosto conhecido", relata o diretor.
Policiais da ativa vão passar por
laboratórios, e os aprovados irão
trabalhar no filme. "Acredito que
teremos apoio da polícia para autorizá-los a participar da produção", afirma Padilha.
As filmagens começam só em 2
de agosto de 2006 e o filme deverá
entrar em cartaz depois de 2007.
A distribuição será da Universal
Filmes no Brasil. O orçamento de
R$ 7 milhões está em um patamar
próximo ao de grandes produções brasileiras, como "Cidade de
Deus".
(SOS)
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