São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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Cineasta faz filme de ficção inspirado na polícia do Rio

DA REDAÇÃO

"Tropa de Elite", próximo filme de José Padilha, nasceu da experiência do ex-capitão da PM Rodrigo Pimentel dentro do Bope (Batalhão de Operações Especiais). Pimentel foi co-produtor de "Ônibus 174" e é um dos roteiristas desse próximo trabalho.
"O que rege o roteiro em grande parte é a realidade. Optei pela ficção porque "Tropa de Elite" não é um filme exequível como documentário", afirma Padilha. "Nenhum policial estaria disposto a falar à câmera as histórias que eles me contaram. Por motivos óbvios", completa.
A produção, de R$ 7 milhões, já consumiu três anos de pesquisa sobre o tema. O Bope é a força da polícia do Rio que encabeça operações nos morros.

Corrupção
A narrativa se inspira na estrutura de "Os Bons Companheiros", filme de Martin Scorsese sobre um rapaz que se envolve com a Máfia. A idéia do diretor é apresentar um jovem, em meados dos anos 80, que pretende se formar em direito e escolhe a polícia como profissão para financiar seus estudos. Na Polícia Militar, se depara com uma estrutura corrupta.
Ao ir para o Bope, que possuía uma imagem distinta e era uma espécie de centro de excelência na polícia do Rio, encontra uma forma de atuação que se baseia muito na violência.
Mas o roteiro é inspirado em relatos dados por 17 integrantes da Polícia Militar e dois psiquiatras da corporação. Padilha diz que não é comum no Brasil um filme feito a partir do ponto de vista do policial, que relata o estresse e os dilemas que vivencia.
"No filme americano sobre o Vietnã, o sujeito vai à guerra, passa pela violência por um ano e meio e, na volta, tem problemas para se adaptar. No Bope o sujeito é normal, tem família e amigos, mas vai para o Vietnã todos os dias e depois volta para casa", compara Padilha.

Atores
O cineasta ainda não escolheu o ator que fará o protagonista, que é negro. "Provavelmente será um rosto conhecido", relata o diretor.
Policiais da ativa vão passar por laboratórios, e os aprovados irão trabalhar no filme. "Acredito que teremos apoio da polícia para autorizá-los a participar da produção", afirma Padilha.
As filmagens começam só em 2 de agosto de 2006 e o filme deverá entrar em cartaz depois de 2007.
A distribuição será da Universal Filmes no Brasil. O orçamento de R$ 7 milhões está em um patamar próximo ao de grandes produções brasileiras, como "Cidade de Deus". (SOS)


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