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ENCHENTES
Obras, previstas para março do próximo ano, estão atrasadas
Alckmin só vai concluir piscinões no final de 2006
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os quatro piscinões previstos
pelo governo Geraldo Alckmin
(PSDB) para serem realizados em
2005 sofreram atraso médio de
seis meses e não ficarão prontos
antes do final do verão, do período de chuva e de enchentes.
Com isso, moradores e motoristas das áreas próximas às obras terão que esperar até o final de 2006
para verem minimizada a atual
rotina de inundações -o planejado inicialmente era que as obras
fossem concluídas em março.
Dois reservatórios estão sendo
feitos em Osasco, um em São Bernardo do Campo e outro, na divisa de Santo André com São Paulo,
só será iniciado nesta semana.
Em maio deste ano, quando o
Tietê transbordou após uma tempestade -depois de um período
de três anos sem enchentes-
Alckmin disse que o programa
dos piscinões estava "todo em andamento", fazendo referências às
quatro obras.
Na época, quando o governador
chegou a anunciar uma parceria
com o prefeito José Serra (PSDB)
para a construção de um outro
piscinão, em Taboão da Serra,
Alckmin afirmou que obras desse
tipo "são importantes porque, no
pico da chuva, evitam a tragédia
[das inundações]". A parceria entre os tucanos, acertada após um
mal-estar causado pelo alagamento do Tietê, não saiu do papel.
O atraso nas obras levou o governo a cortar aproximadamente
47% dos R$ 35,5 milhões previstos para os piscinões neste ano e
transferi-los para as obras de ampliação da calha do rio Tietê
-uma das realizações de maior
visibilidade eleitoral do presidenciável tucano Geraldo Alckmin.
Atraso
Segundo o governo do Estado, o
atraso ocorreu em razão de disputas judiciais movidas por empresas participantes das licitações para a realização dos piscinões (leia
texto nesta página).
De acordo com o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo), os
piscinões servem tanto para evitar
que as ruas do seu entorno alaguem em caso de chuva intensa
como para controlar a chegada da
água acumulada nos córregos e
no próprio rio Tietê, evitando
inundações. Os benefícios, porém, ainda vão demorar quase
um ano para chegar à vizinhança
desses novos piscinões.
Arquitetura e correria
No Rochdale, bairro de Osasco
próximo às obras de dois reservatórios, a rotina de enchentes definiu a arquitetura e os hábitos locais. Lá, segundo moradores ouvidos pela Folha, nos últimos meses as ruas já alagaram três vezes.
Quase todas as casas no entorno
do ribeirão Vermelho, que está
sendo canalizado, são construídas
cerca de um metro acima do nível
da rua. Em outras residências, os
portões possuem comportas para
segurar a entrada da água.
É assim na casa do cozinheiro
Rafael de Oliveira Santos, 48, morador da região há 25 anos. A
comporta, no entanto, não impede que a água da chuva invada freqüentemente a sua garagem, como também ocorre com seus vizinhos. "Quando começa a chuva,
os vizinhos já começam a gritar:
"Olha a água!" Vai todo mundo
correndo para a rua, tirar os carros da garagem para eles não ficarem ilhados. A região toda fica parecendo um formigueiro."
O aposentado Sérgio Rocha, 64,
afirma que a situação na região
melhorou depois que as obras de
canalização foram iniciadas. Ainda assim, de sua casa, ele assiste
constantemente aos carros que
"atravessam verdadeiras corredeiras" sempre que chove. "Já
inundou a rua três vezes nos últimos meses. Precisamos dos piscinões para reter a água".
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