São Paulo, segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

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ENCHENTES

Obras, previstas para março do próximo ano, estão atrasadas


Alckmin só vai concluir piscinões no final de 2006

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os quatro piscinões previstos pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para serem realizados em 2005 sofreram atraso médio de seis meses e não ficarão prontos antes do final do verão, do período de chuva e de enchentes.
Com isso, moradores e motoristas das áreas próximas às obras terão que esperar até o final de 2006 para verem minimizada a atual rotina de inundações -o planejado inicialmente era que as obras fossem concluídas em março.
Dois reservatórios estão sendo feitos em Osasco, um em São Bernardo do Campo e outro, na divisa de Santo André com São Paulo, só será iniciado nesta semana.
Em maio deste ano, quando o Tietê transbordou após uma tempestade -depois de um período de três anos sem enchentes- Alckmin disse que o programa dos piscinões estava "todo em andamento", fazendo referências às quatro obras.
Na época, quando o governador chegou a anunciar uma parceria com o prefeito José Serra (PSDB) para a construção de um outro piscinão, em Taboão da Serra, Alckmin afirmou que obras desse tipo "são importantes porque, no pico da chuva, evitam a tragédia [das inundações]". A parceria entre os tucanos, acertada após um mal-estar causado pelo alagamento do Tietê, não saiu do papel.
O atraso nas obras levou o governo a cortar aproximadamente 47% dos R$ 35,5 milhões previstos para os piscinões neste ano e transferi-los para as obras de ampliação da calha do rio Tietê -uma das realizações de maior visibilidade eleitoral do presidenciável tucano Geraldo Alckmin.

Atraso
Segundo o governo do Estado, o atraso ocorreu em razão de disputas judiciais movidas por empresas participantes das licitações para a realização dos piscinões (leia texto nesta página).
De acordo com o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo), os piscinões servem tanto para evitar que as ruas do seu entorno alaguem em caso de chuva intensa como para controlar a chegada da água acumulada nos córregos e no próprio rio Tietê, evitando inundações. Os benefícios, porém, ainda vão demorar quase um ano para chegar à vizinhança desses novos piscinões.

Arquitetura e correria
No Rochdale, bairro de Osasco próximo às obras de dois reservatórios, a rotina de enchentes definiu a arquitetura e os hábitos locais. Lá, segundo moradores ouvidos pela Folha, nos últimos meses as ruas já alagaram três vezes.
Quase todas as casas no entorno do ribeirão Vermelho, que está sendo canalizado, são construídas cerca de um metro acima do nível da rua. Em outras residências, os portões possuem comportas para segurar a entrada da água.
É assim na casa do cozinheiro Rafael de Oliveira Santos, 48, morador da região há 25 anos. A comporta, no entanto, não impede que a água da chuva invada freqüentemente a sua garagem, como também ocorre com seus vizinhos. "Quando começa a chuva, os vizinhos já começam a gritar: "Olha a água!" Vai todo mundo correndo para a rua, tirar os carros da garagem para eles não ficarem ilhados. A região toda fica parecendo um formigueiro."
O aposentado Sérgio Rocha, 64, afirma que a situação na região melhorou depois que as obras de canalização foram iniciadas. Ainda assim, de sua casa, ele assiste constantemente aos carros que "atravessam verdadeiras corredeiras" sempre que chove. "Já inundou a rua três vezes nos últimos meses. Precisamos dos piscinões para reter a água".


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