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EDUCAÇÃO
Medida deve durar 90 dias, até que sejam analisadas denúncias de órgão
Tarso Genro suspende novos cursos de direito no Brasil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Educação, Tarso
Genro, anunciou ontem a suspensão, por 90 dias, das homologações dos cursos de direito em todo o país, após se reunir com o
presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Roberto Antonio Busato.
Tarso classificou de "grave" a situação apresentada por Busato.
Repetiu ainda que o ministério
analisará todas as denúncias de
faculdades "caça-níqueis".
No mês passado, a OAB divulgou uma lista em que recomendava apenas 60 de 215 cursos de direito analisados. Até este mês, havia o registro de 763 desses cursos
no Brasil, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
A avaliação da entidade foi feita
com base no cruzamento do desempenho dos alunos das instituições no Provão e no exame de
Ordem (que credencia para o
exercício da advocacia).
"A sociedade sabe que é possível
hoje formar profissionais de direito em algumas faculdades em
que as pessoas saem sem saber escrever", afirmou Tarso, depois da
reunião. Para Busato, o ministério
não vinha analisando a necessidade social da abertura de novas vagas. "Foi criado um curso se sobrepondo a outro. Daí vem a mercantilização", disse ele.
O ministério utilizará os 90 dias
para avaliar as regras e os critérios
adotados na autorização dos cursos. Busato entregou a Tarso um
documento em que a OAB condena o aumento indiscriminado do
número de cursos. No documento, a entidade lembra que, de 222
autorizações para direito concedidas pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) entre 2001 e
2003, a OAB deu parecer favorável a apenas 18. O restante não teria condições de funcionar, como
falta de estrutura e de docentes.
Esse processo de abertura passa
pelo MEC, pelo conselho e pela
associação dos advogados, que é
responsável por um parecer consultivo. Para Busato, o ideal é que
a opinião da entidade seja vinculante, isto é, tenha poder de veto.
No documento apresentado a
Tarso, a OAB reclama da precariedade dos relatórios das comissões de inspeção e sugere que a
fiscalização seja intensificada.
Ao ser questionado se a medida
anunciada ontem atingiria somente direito, o ministro disse
"por enquanto". Desde o segundo
semestre do ano passado, estão
suspensas também as autorizações para a área de saúde.
A medida deveria ter terminado
em janeiro, mas o Conselho Nacional de Saúde recomendou ao
governo que mantenha a suspensão de novos cursos de graduação
na área de saúde, incluindo medicina, por mais 60 dias.
O objetivo é obter mais prazo
para que o grupo de trabalho criado para definir normas de regulação do setor apresente uma proposta de regras para a abertura de
vagas. A primeira etapa será entregue no início do próximo mês.
Além das mudanças referentes
à abertura de cursos, os exames de
admissão e os currículos de residência médica também deverão
ser modificados.
Tarso assinou ontem portaria
criando grupo para reavaliar a regularização e a permissão de funcionamento, além da fiscalização,
de cursos superiores privados.
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