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SANTOS
Suposta vítima denunciou o caso à Corregedoria, que abriu inquérito
Policiais são acusados de extorsão
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco policiais civis da Dise
(Delegacia de Investigações sobre
Entorpecentes) de Santos, no litoral paulista, são investigados por
suspeita de concussão (extorsão
praticada por funcionário público) contra mãe e filho e por supostamente ameaçarem testemunhas. Entre as pessoas ameaçadas
estariam funcionários de um escritório de advocacia que defende
a mulher que denunciou o caso.
Segundo a Secretaria Estadual
da Segurança Pública, os policiais
civis envolvidos teriam sido remanejados para a delegacia seccional e estariam fora das ruas,
em funções administrativas. A
Corregedoria da Polícia Civil
abriu inquérito para apurar a denúncia. Um ex-policial militar
também estaria envolvido.
Os crimes teriam ocorrido a
partir das 21h do dia 20 de janeiro
deste ano, quando a casa da promotora de eventos Rosane Mesquita Prado, 45, que trabalha na
Secretaria Municipal de Cultura,
foi invadida.
Sem mandado judicial, os policiais teriam dito que receberam
uma denúncia anônima sobre
tráfico e suposta atividade da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Um deles
mostrou distintivo da Dise.
Os policiais teriam perguntado
pelo filho de Prado, que já cumpriu pena por tráfico. Na casa, foram encontrados dois cigarros de
maconha, momento em que os
policiais passaram a fazer a negociação, segundo Prado. Ela diz
que eles pediram inicialmente R$
20 mil, mas aceitaram R$ 5.000.
"Na saída, eles ainda disseram:
"Vocês vão começar a pagar um
dízimo para que tudo fique em
paz"", afirma Prado.
Ela diz que fez um empréstimo
no banco e pagou a quantia no dia
seguinte. Em uma estratégia que
teria sido montada pelos policiais
para despistar possíveis flagrantes, ela teve de entrar em um carro
com película escura. Um outro
homem, que estava de moto, pegou o pacote com o dinheiro.
Prado ainda ficou uma hora sob
o controle de um dos homens até
chegar a informação que o valor
entregue estava correto.
À noite, porém, orientada por
uma amiga, ela procurou a Corregedoria da Polícia Civil, em Santos. Ela conversou informalmente
com os policiais do órgão na casa
da amiga por temer represálias
-a Dise e a Corregedoria ficam
no mesmo prédio. Horas depois,
um ex-PM, amigo dos policiais da
Dise, foi até a sua casa e a avisou
para esquecer o caso.
Assustada com o que poderia
ocorrer com seu filho, ela procurou a Corregedoria novamente e
prestou depoimento no escritório
de seu advogado, Alex Sandro
Ochsendorf, 33, no último dia 4.
Ali, ela fez o reconhecimento, por
foto, dos cinco policiais da Dise
-três homens e duas mulheres- e identificou o ex-PM.
O depoimento não teria intimidado os policiais. O advogado de
Prado disse que ele e sua secretária também foram ameaçados
nesse mesmo dia. A secretária foi
abordada quando ia para casa.
Ochsendorf diz que recebeu a
ameaça por telefone. "O delegado
da Corregedoria estava no meu
escritório e ouviu a ameaça."
O advogado afirma não entender por que a polícia não pediu a
prisão dos envolvidos. "Existem
todos os elementos para isso", diz.
Ele também afirma temer pela segurança de sua cliente.
A secretaria não comentou a
crítica do advogado.
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