São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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MINAS GERAIS

Meta é evitar permanência de mendigos nas ruas

Prefeitura de Belo Horizonte lança campanha contra a esmola

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Com o tema "Dar esmola só piora", a Prefeitura de Belo Horizonte lançou nesta semana campanha que visa coibir a mendicância na cidade. A iniciativa da administração petista é alvo de críticas de entidades que trabalham com a população de rua, que reivindicam emprego e renda para os pedintes.
Inicialmente, serão distribuídos 500 cartazes e 10 mil panfletos pelos 45 bairros da região centro-sul, orientando a transferir as esmolas para uma das 639 instituições cadastradas no Conselho Municipal de Assistência Social.
De acordo com a prefeitura, a atitude poderá evitar a permanência de mendigos nas ruas, a exploração do trabalho infantil, a marginalidade e o alcoolismo. Cidades como Botucatu (SP), Ribeirão Preto (SP) e Caçador (SC) já adotaram ações semelhantes.
O material da campanha cita projetos da prefeitura e do governo federal que "prestam assistência às pessoas mais necessitadas", como o Bolsa-Moradia (municipal) e Bolsa-Família (federal).
"Apesar de todos os projetos implantados, muitas famílias continuam na mendicância, pois sabem que podem contar com a generosidade de vários cidadãos", diz o texto. O governo estadual, do PSDB, não é mencionado.
Na capital mineira, 916 pessoas vivem nas ruas, 343 (37,5%) na região centro-sul. Os dados são de 1998. São cinco abrigos, com capacidade para 740 pessoas. Outros dois abrigos, para moradores de área de risco, comportam até 134 famílias. O programa Bolsa-Moradia -subsídio de R$ 200 por até 30 meses para pagamento de aluguel- atende 608 famílias.
A representante da Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte Cristina Bove diz acreditar que a campanha não resolverá os problemas da população de rua.
Segundo ela, a medida não contempla a geração de trabalho e renda. "Se você retira o dinheiro dessas pessoas e não oferece nada em troca, como fica?"
Para José Aparecido Gonçalves, integrante do Fórum Nacional de Estudos da População de Rua, a prefeitura ainda não propôs "alternativas dignas" aos mendigos. "Fazer campanha contra as esmolas é muito pouco."


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