São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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Velocidade cai 23% no pico da manhã

Veículos que andavam em 2005 a uma média de 35 km/h em São Paulo passaram a rodar a 27 km/h dois anos depois

Na tentativa de explicar o problema, prefeitura falou em mais obstáculos nas ruas e até mesmo em quebras intencionais de veículos

DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado das deficiências em serviços básicos do trânsito, aliado ao aumento da frota (já são mil veículos novos por dia) e ao aquecimento da economia, é a perda de tempo dos motoristas nos congestionamentos.
A velocidade média dos veículos em São Paulo na hora de pico da manhã teve uma queda de 23% nos últimos três anos: despencou de 35 km/h em 2005 para 27 km/h em 2007.
E, nos primeiros meses de 2008, as estatísticas não são nada animadoras: em janeiro, época de férias, ficaram em 32 km/h e nos dois meses seguintes se limitaram a 25 km/h.
No período da tarde, a velocidade chegou a saltar de 20 km/ h para 22 km/h entre 2005 e 2007. Neste ano, a média de fevereiro não passou de 18 km/h.
Técnicos da CET avaliam que a margem para piorar é menor à tarde por esse já ser um período tradicionalmente saturado -devido às viagens concentradas na volta do trabalho.
A gestão Kassab chegou a citar algumas hipóteses nas últimas semanas para a alta dos engarrafamentos -que incluíram a elevação de obstáculos nas vias e até mesmo uma ação orquestrada, com quebras intencionais de veículos e manifestações para prejudicar a fluidez.
Em março, a quantidade de interferências removidas das vias públicas pela CET teve um salto de 9%, passando de 14 mil. O número, porém, é ainda bastante inferior à média de 2005, quando passava de 15 mil.
O aumento da lentidão no trânsito prejudica não só os motoristas em geral como até os próprios trabalhos das equipes de socorro da companhia.
A demora para elas se deslocarem até as ocorrências era, em média, de 11,8 minutos em 2006. Em 2007 subiu 6% e, no primeiro bimestre de 2008, mesmo em um período de férias, atingiu 12,2 minutos.
Presidente da CET na gestão Luiza Erundina (na época PT, hoje PSB), no final dos anos 80, Ailton Brasiliense considera necessário equipar a empresa de trânsito para ajudar a resolver os problemas de mobilidade em São Paulo, mas avalia que só isso não basta.
"Não cabe um pé 45 num sapato 38. Se não começar a cuidar da solução principal, de transferir as viagens do transporte individual ao público, da organização do uso e ocupação do solo, morreremos todos."
Luís Antonio Seraphim, especialista que trabalhou durante 14 anos na CET, considera que faltam "recursos técnicos e também humanos" à empresa atualmente.
(ALENCAR IZIDORO)


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