São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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Líderes usaram internet para fazer invasão

DA REPORTAGEM LOCAL

Não foi só a maior quantidade de áreas já invadidas simultaneamente pelos sem-teto em São Paulo. A ação realizada na madrugada de anteontem também entrou para a história do movimento porque, pela primeira vez, a internet teve papel determinante em pelo menos uma das oito invasões.
A estratégia de invasão de um prédio do Banco do Brasil, na rua Capitão Pacheco e Chaves, 875, na Vila Prudente, foi delineada a partir de informações disponibilizadas em um site de leilões na rede mundial.
Foi assim que os líderes da UMM monitoraram a tentativa fracassada de leilão do edifício de quatro pavimentos, onde já funcionou uma agência bancária, pelo preço mínimo de R$ 923,3 mil. "Vamos aproveitar cada vez mais essas ferramentas", disse Evaniza Rodrigues, líder da invasão dos 800 sem-teto da zona leste ao prédio.
Além da descrição do terreno e do tamanho da área, a UMM conseguiu na internet a matrícula do edifício. Assim, confirmaram que ele não havia sido comprado e descobriram um atraso de três meses do IPTU, no valor de R$ 12.899.
A invasão na Vila Prudente foi acompanhada pela Folha e teve na linha de frente um ex-líder do MST do Mato Grosso, Luiz R.R., 36.
O padre Renato Lanfranchi, 46, voltou ontem ao local, onde fez uma celebração em homenagem do Dia das Mães. Ele foi preso na invasão pelo sargento Milton Justi, da PM, com quem teve uma luta corporal. "Depois ficou tudo bem. Ele disse que era católico e que tinha se arrependido por agredir um padre", contou. Justi também quebrou o flash da máquina do repórter-fotográfico da Folha e reteve o equipamento por meia hora.(AI)


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