São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
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Paulistano perde no
ônibus 90 min/dia

da Reportagem Local

O sistema de ônibus de São Paulo atingiu, na gestão do prefeito Celso Pitta, a sua pior avaliação desde o início da década.
A insatisfação é o resultado direto da deterioração do sistema, caracterizado pela longa espera que passageiros sofrem tanto dentro dos ônibus quanto nos pontos.
Em média, os paulistanos passam uma hora e meia por dia andando de ônibus. Sem contar a espera nos pontos, que nos horários de pico chega a 40 minutos, segundo estimativa da SPTrans (São Paulo Transporte), empresa municipal que gerencia o transporte público na cidade.
Pelo contrato das empresas, o intervalo máximo de saída dos ônibus de um ponto é de 25 minutos.
A prefeitura e os donos das empresas informam que os ônibus não conseguem cumprir os horários por causa dos congestionamentos. Os ônibus ficam presos no trânsito e atrasam a programação.
A imagem do transporte coletivo em São Paulo é medida pela pesquisa da Associação Nacional dos Transportes Públicos e do Instituto Gallup, que avalia os principais meios de transporte desde 1985.
Nas entrevistas, os usuários classificam o serviço prestado por metrô, trem, ônibus municipais e intermunicipais como excelente, bom, regular, ruim e péssimo.
Os resultados são transformados em índices de aprovação depois da soma das porcentagens obtidas nas entrevistas. Os índices variam de +100 a -100. Na gestão Celso Pitta, o índice chegou perto de zero em 97 e 98 (veja quadro na pág. 2).
A pior avaliação detectada pela pesquisa até hoje foi registrada na gestão Jânio Quadros (85-89), quando as empresas eram remuneradas exclusivamente pela verba arrecadada nas catracas.
Resultado: os empresários colocavam ônibus apenas nas linhas mais lucrativas, deixando os passageiros da periferia sem condução e criando o "efeito sardinha" (lotação excessiva) nas linhas menos rentáveis. Em 86, o prefeito Jânio Quadros mantinha uma frota com 7.489 ônibus e transportava 2 bilhões de passageiros por ano. A avaliação dos ônibus na gestão chegou a um índice próximo a -20.
A frota aumentou 44,2% nos últimos 14 anos. Mas, somente nos últimos quatro anos, o sistema perdeu 40% dos seus passageiros.
Especialistas em transporte afirmam que a origem da deterioração está na inexistência de investimentos no setor, uma falha crônica que acompanha a cidade nas últimas quatro décadas.
O pacote de obras da gestão Pitta, por exemplo -que inclui o Fura-fila e corredores exclusivos de ônibus-, foi deixado para segundo plano. A verba investida pela prefeitura caiu de R$ 71 milhões, em 97, para R$ 34,7 milhões no ano passado -menos da metade.
(GONZALO NAVARRETE)


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