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Paulistano perde no
ônibus 90 min/dia
da Reportagem Local
O sistema de ônibus de São Paulo
atingiu, na gestão do prefeito Celso
Pitta, a sua pior avaliação desde o
início da década.
A insatisfação é o resultado direto da deterioração do sistema, caracterizado pela longa espera que
passageiros sofrem tanto dentro
dos ônibus quanto nos pontos.
Em média, os paulistanos passam uma hora e meia por dia andando de ônibus. Sem contar a espera nos pontos, que nos horários
de pico chega a 40 minutos, segundo estimativa da SPTrans (São
Paulo Transporte), empresa municipal que gerencia o transporte público na cidade.
Pelo contrato das empresas, o intervalo máximo de saída dos ônibus de um ponto é de 25 minutos.
A prefeitura e os donos das empresas informam que os ônibus
não conseguem cumprir os horários por causa dos congestionamentos. Os ônibus ficam presos no
trânsito e atrasam a programação.
A imagem do transporte coletivo
em São Paulo é medida pela pesquisa da Associação Nacional dos
Transportes Públicos e do Instituto Gallup, que avalia os principais
meios de transporte desde 1985.
Nas entrevistas, os usuários classificam o serviço prestado por metrô, trem, ônibus municipais e intermunicipais como excelente,
bom, regular, ruim e péssimo.
Os resultados são transformados
em índices de aprovação depois da
soma das porcentagens obtidas
nas entrevistas. Os índices variam
de +100 a -100. Na gestão Celso Pitta, o índice chegou perto de zero
em 97 e 98 (veja quadro na pág. 2).
A pior avaliação detectada pela
pesquisa até hoje foi registrada na
gestão Jânio Quadros (85-89),
quando as empresas eram remuneradas exclusivamente pela verba
arrecadada nas catracas.
Resultado: os empresários colocavam ônibus apenas nas linhas
mais lucrativas, deixando os passageiros da periferia sem condução e criando o "efeito sardinha"
(lotação excessiva) nas linhas menos rentáveis. Em 86, o prefeito Jânio Quadros mantinha uma frota
com 7.489 ônibus e transportava 2
bilhões de passageiros por ano. A
avaliação dos ônibus na gestão
chegou a um índice próximo a -20.
A frota aumentou 44,2% nos últimos 14 anos. Mas, somente nos últimos quatro anos, o sistema perdeu 40% dos seus passageiros.
Especialistas em transporte afirmam que a origem da deterioração
está na inexistência de investimentos no setor, uma falha crônica que
acompanha a cidade nas últimas
quatro décadas.
O pacote de obras da gestão Pitta,
por exemplo -que inclui o Fura-fila e corredores exclusivos de ônibus-, foi deixado para segundo
plano. A verba investida pela prefeitura caiu de R$ 71 milhões, em
97, para R$ 34,7 milhões no ano
passado -menos da metade.
(GONZALO NAVARRETE)
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