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TRANSPORTES
Para secretário, modelo atual, que cobre todos os custos dos empresários, não incentiva procura pela qualidade
Prefeitura aposta
na competitividade
da Reportagem Local
Competitividade. É nisso que a
Prefeitura de São Paulo aposta para fechar a conta do transporte coletivo por ônibus na cidade de São
Paulo, que vem custando cerca de
R$ 17 milhões por mês aos cofres
públicos. Dinheiro que a prefeitura alega não ter para pagar.
Para o secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, o contrato
que está em vigor não prioriza a
eficiência do sistema, porque cobre todos os custos que as empresas de ônibus tiverem.
"O modelo não incentiva o empresário a procurar novos passageiros, a se preocupar com a qualidade do veículo ou da programação das linhas", diz o secretário.
Raciocínio parecido tem o presidente da SPTrans (São Paulo
Transporte), Pedro Luiz de Brito
Machado, para quem o transporte
de passageiros por ônibus em São
Paulo é "o único negócio do mundo inteiro em que o empresário
não tem risco nenhum".
"Hoje, cada ônibus é uma repartiçãozinha pública rodando pela
cidade", afirma ele. "É uma maquininha de fazer dinheiro."
Os dois discordam, no entanto,
quanto ao risco da medida proposta pela prefeitura.
Para Hanashiro, a mudança não
ameaça a qualidade do serviço
prestado à população. "Não vejo
nenhum risco para o usuário. O
pior que pode acontecer é voltar
aonde estávamos antes", afirma.
Machado discorda. "É uma decisão arriscada. Se não der certo, podemos cair na desregulamentação,
que significa uma explosão das peruas de lotação."
Peruas
As peruas de lotação, na verdade, servem de argumento para diversos raciocínios.
Em alguns casos, como fonte de
competitividade para o sistema.
"Na medida em que os empresários não se preocuparem em melhorar o serviço, vão dar espaço
aos perueiros", diz o secretário.
Em outros, como sinônimo do
colapso do setor.
"O pior que pode ocorrer é o
transporte alternativo sair do controle e tomar conta da cidade", diz
Machado.
Mas o próprio Machado reconhece que as peruas vieram para ficar. E aumentar sua participação.
No plano de concessão que a prefeitura está preparando para entrar em vigor em dois anos, as peruas devem equivaler a 30% do número de ônibus, ou cerca de 4.000
lotações. Hoje, são menos de 3.000
oficiais.
Por enquanto, porém, a prefeitura assume o compromisso com os
empresários de aumentar a fiscalização sobre as cerca de 9.000 peruas clandestinas que circulam pela cidade. Esse propósito, de reduzir o transporte clandestino, está
previsto inclusive no modelo de
contrato que está sendo apresentado às empresas.
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