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Perda de subsídio
desagrada empresas
da Reportagem Local
Mesmo admitindo que a liberdade para alterar os itinerários é algo
que sempre reivindicaram, os donos de empresas de ônibus de São
Paulo protestam contra o acordo
feito com a prefeitura.
Segundo o sindicato que reúne os
empresários, o Transurb, eles foram praticamente obrigados a
aceitar o acordo, porque não estavam conseguindo pagar fornecedores e funcionários em dia.
"Economicamente, o acordo não
é vantajoso para nós, já que vamos
perder o subsídio integral para, em
troca, ter de conquistar passageiros enfrentando a concorrência
desleal das peruas", afirma o economista Marcelo Marques, diretor
do Transurb.
Ele considera "muito difícil" que
as empresas consigam recuperar
os cerca de R$ 30 milhões de passageiros perdidos desde que as lotações começaram a fazer parte do
cenário urbano de São Paulo.
Isso porque as lotações não têm
obrigação de circular em horários
de pouco movimento nem de
transportar alguns passageiros de
graça, como idosos e deficientes.
"Choradeira"
As 54 empresas que atuam na cidade têm, juntas, R$ 148 milhões
para receber da prefeitura. A dívida funciona como lastro para empréstimos e deve servir também
para ajudar a pagar as implantação
de catracas eletrônicas em todas as
linhas.
Além disso, desde a municipalização do sistema, em 92, as empresas têm recebido um subsídio que
cobre o custo total das operações.
Ou seja, não há risco financeiro,
uma vez que não há possibilidade
de as empresas terem prejuízo.
Mesmo assim, o diretor do Transurb nega que esteja "chorando de
barriga cheia".
"Quem ganha (com a mudança)
é a prefeitura, que fica com uma
verba extra para aplicar em outros
setores. Várias empresas estão em
sérias dificuldades financeiras. Algumas, inclusive, em situação falimentar. Além disso, vamos assumir um risco sem a garantia de que
as peruas clandestinas serão combatidas", afirma Marques.
Os contratos também foram
prorrogados por dois anos com o
novo acordo. Segundo o Transurb,
cerca de 60% deles deveria terminar em 2000. Agora, todos terminam em 2002.
A prorrogação teria sido necessária para garantir um equilíbrio
no sistema.
Do contrário, parte das empresas
obedeceria um sistema enquanto
outras, já com novo contrato, poderiam ter vantagens que as antigas não teriam.
Mas o diretor do sindicato diz
que essa prorrogação não trará
mais lucro às empresas.
"Se houver lucro, será independente desse prazo. O que interessa
é trazer de volta o passageiro para
os ônibus. Se uma ganhar, todas
ganham", diz.
Para ele, o cenário ideal para que
as empresas "vençam a luta para
sobreviver" no mercado seria um
combate eficaz às lotações, aliado a
uma reorganização racional dos
itinerários. "Se nada disso ocorrer,
vamos ter sérios problemas para
continuar operando."
(MALU GAS
PAR)
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