São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
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Perda de subsídio
desagrada empresas

da Reportagem Local

Mesmo admitindo que a liberdade para alterar os itinerários é algo que sempre reivindicaram, os donos de empresas de ônibus de São Paulo protestam contra o acordo feito com a prefeitura.
Segundo o sindicato que reúne os empresários, o Transurb, eles foram praticamente obrigados a aceitar o acordo, porque não estavam conseguindo pagar fornecedores e funcionários em dia.
"Economicamente, o acordo não é vantajoso para nós, já que vamos perder o subsídio integral para, em troca, ter de conquistar passageiros enfrentando a concorrência desleal das peruas", afirma o economista Marcelo Marques, diretor do Transurb.
Ele considera "muito difícil" que as empresas consigam recuperar os cerca de R$ 30 milhões de passageiros perdidos desde que as lotações começaram a fazer parte do cenário urbano de São Paulo.
Isso porque as lotações não têm obrigação de circular em horários de pouco movimento nem de transportar alguns passageiros de graça, como idosos e deficientes.

"Choradeira"
As 54 empresas que atuam na cidade têm, juntas, R$ 148 milhões para receber da prefeitura. A dívida funciona como lastro para empréstimos e deve servir também para ajudar a pagar as implantação de catracas eletrônicas em todas as linhas.
Além disso, desde a municipalização do sistema, em 92, as empresas têm recebido um subsídio que cobre o custo total das operações. Ou seja, não há risco financeiro, uma vez que não há possibilidade de as empresas terem prejuízo.
Mesmo assim, o diretor do Transurb nega que esteja "chorando de barriga cheia".
"Quem ganha (com a mudança) é a prefeitura, que fica com uma verba extra para aplicar em outros setores. Várias empresas estão em sérias dificuldades financeiras. Algumas, inclusive, em situação falimentar. Além disso, vamos assumir um risco sem a garantia de que as peruas clandestinas serão combatidas", afirma Marques.
Os contratos também foram prorrogados por dois anos com o novo acordo. Segundo o Transurb, cerca de 60% deles deveria terminar em 2000. Agora, todos terminam em 2002.
A prorrogação teria sido necessária para garantir um equilíbrio no sistema.
Do contrário, parte das empresas obedeceria um sistema enquanto outras, já com novo contrato, poderiam ter vantagens que as antigas não teriam.
Mas o diretor do sindicato diz que essa prorrogação não trará mais lucro às empresas.
"Se houver lucro, será independente desse prazo. O que interessa é trazer de volta o passageiro para os ônibus. Se uma ganhar, todas ganham", diz.
Para ele, o cenário ideal para que as empresas "vençam a luta para sobreviver" no mercado seria um combate eficaz às lotações, aliado a uma reorganização racional dos itinerários. "Se nada disso ocorrer, vamos ter sérios problemas para continuar operando." (MALU GAS PAR)



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