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TRANSPORTES
Empresários não conseguirão reduzir congestionamentos, apontados como maior problema do sistema
Especialistas prevêem
piora no serviço
da Reportagem Local
A mudança proposta pela prefeitura vai causar uma piora no serviço prestado à população, na opinião de estudiosos de transporte
público entrevistados pela Folha.
Isso acontece porque só há duas
saídas para os empresários evitarem prejuízos: atrair novos passageiros ou cortar gastos.
E, na avaliação dos especialistas,
há pouco a fazer para atrair novos
usuários. Assim, só restará o corte
de gastos e, consequentemente, a
queda na qualidade do serviço.
O maior empecilho aos ônibus
são os congestionamentos, causados, principalmente, pela falta de
investimentos em infra-estrutura e
em meios de transporte de maior
capacidade, como o Fura-fila, metrô e trens.
A avaliação tem respaldo até
dentro da prefeitura.
"O que tem que ser feito todo
mundo sabe: tem que investir na
infra-estrutura, corredores de ônibus. Mas até agora ninguém fez.
Faltou vontade política", afirma o
presidente da SPTrans, Pedro Luiz
de Brito Machado.
Mas o secretário dos Transportes
Getúlio Hanashiro, nega. O que
falta, diz ele, é dinheiro, que a prefeitura está pedindo ao governo federal há mais de seis meses.
Adriano Murgel Branco, ex-secretário dos Transportes do governo Franco Montoro e consultor da
área, não acha possível que os empresários consigam aumentar o
número de passageiros a ponto de
tornar o sistema viável.
"A capacidade de melhorar o sistema que o empresário tem é muito pequena." O que está incomodando o passageiro, em sua opinião, é a baixa velocidade dos ônibus, a falta de oferta e o excesso de
lotações em determinadas horas.
"Quanto à velocidade e à lotação,
não há nada que o empresário possa fazer", diz Branco.
Maurício Cadaval, também consultor de transporte, acredita que a
tendência das empresas, em um
primeiro momento, será o de priorizar os corredores de maior movimento, aumentando a competição
entre as companhias de ônibus.
O resultado disso será um excesso de oferta nos horários de pico e
falta dela à noite, nos finais de semana e feriados.
"Em um primeiro momento, os
empresários podem ficar satisfeitos, mas a superoferta tende a reduzir a receita das empresas, diminuir a manutenção dos veículos,
aumentar congestionamentos e
poluir o ar", afirma Cadaval.
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