São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
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TRANSPORTES
Empresários não conseguirão reduzir congestionamentos, apontados como maior problema do sistema
Especialistas prevêem
piora no serviço

da Reportagem Local
A mudança proposta pela prefeitura vai causar uma piora no serviço prestado à população, na opinião de estudiosos de transporte público entrevistados pela Folha.
Isso acontece porque só há duas saídas para os empresários evitarem prejuízos: atrair novos passageiros ou cortar gastos.
E, na avaliação dos especialistas, há pouco a fazer para atrair novos usuários. Assim, só restará o corte de gastos e, consequentemente, a queda na qualidade do serviço.
O maior empecilho aos ônibus são os congestionamentos, causados, principalmente, pela falta de investimentos em infra-estrutura e em meios de transporte de maior capacidade, como o Fura-fila, metrô e trens.
A avaliação tem respaldo até dentro da prefeitura.
"O que tem que ser feito todo mundo sabe: tem que investir na infra-estrutura, corredores de ônibus. Mas até agora ninguém fez. Faltou vontade política", afirma o presidente da SPTrans, Pedro Luiz de Brito Machado.
Mas o secretário dos Transportes Getúlio Hanashiro, nega. O que falta, diz ele, é dinheiro, que a prefeitura está pedindo ao governo federal há mais de seis meses.
Adriano Murgel Branco, ex-secretário dos Transportes do governo Franco Montoro e consultor da área, não acha possível que os empresários consigam aumentar o número de passageiros a ponto de tornar o sistema viável.
"A capacidade de melhorar o sistema que o empresário tem é muito pequena." O que está incomodando o passageiro, em sua opinião, é a baixa velocidade dos ônibus, a falta de oferta e o excesso de lotações em determinadas horas.
"Quanto à velocidade e à lotação, não há nada que o empresário possa fazer", diz Branco.
Maurício Cadaval, também consultor de transporte, acredita que a tendência das empresas, em um primeiro momento, será o de priorizar os corredores de maior movimento, aumentando a competição entre as companhias de ônibus.
O resultado disso será um excesso de oferta nos horários de pico e falta dela à noite, nos finais de semana e feriados.
"Em um primeiro momento, os empresários podem ficar satisfeitos, mas a superoferta tende a reduzir a receita das empresas, diminuir a manutenção dos veículos, aumentar congestionamentos e poluir o ar", afirma Cadaval.


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