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Pamela lamenta fim da
CPI e quer ser vereadora
da Reportagem Local
A última quarta-feira foi "o dia
mais triste" da vida de Pamela
Marcondes, 10. Quando soube que
os trabalhos da CPI da máfia da
propina seriam encerrados na Câmara Municipal, ela foi para o banheiro em prantos. Depois, anunciou que um dia também estará
trabalhando ali -quer ser vereadora- e não será corrupta.
Pamela é diferente das meninas
de sua idade, interessa-se por política e fala como adulta, algumas
vezes pela boca de sua madrinha, a
publicitária Vera Azevedo, que repete tudo o que "a menina sempre
diz em casa, mas fica com vergonha de dizer em público".
Desde que mandou sua cartinha
ao presidente da CPI, José Eduardo Cardozo, há duas semanas, ela
só voltou à escola uma vez, na última sexta-feira. Perdeu várias provas, mas as professoras estão colaborando com sua "causa" e mandando os testes para a sua casa.
Ela também virou ídolo na escola, sua foto está espalhada por vários murais. Na primeira entrevista que deu para a TV, os "amigos
da rua" soltaram fogos. Depois
dessa, deu várias outras, para todas as emissoras, vários jornais e
revistas.
A família de Pamela chegou a receber uma proposta "de uma revista estrangeira" de US$ 50 mil
para uma entrevista exclusiva, mas
não aceitou. "Não queremos isso.
Depois, se alguma empresa quiser
fazer propaganda com ela, tudo
bem, porque temos que pensar no
futuro dela", disse Vera.
Pamela mora com sua mãe, Rose
Marie Menna Barreto, em São Miguel Paulista, periferia de São Paulo. Rose foi abandonada pelo marido quando estava grávida e Pamela
nunca conheceu o pai. Rose trabalha como vendedora de peças hidráulicas e é Vera quem paga colégio, livros e roupas.
Segundo Rose, nesta semana, Pamela vai ao Rio de Janeiro fazer um
teste, que ela não sabe explicar o
que é, na TV Globo. Na outra semana, pode se encontrar com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Quanto à CPI, Pamela diz que
continuará a fazer sua parte, dando entrevistas e participando de
manifestações. "Eu queria que os
vereadores corruptos fossem presos, mas liberados todas as manhãs para irem à Câmara trabalhar
para ver se aprendem a lição e se
fazem o aposto do que fizeram. Todo mundo tem o direito de se arrepender", diz.
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