São Paulo, Domingo, 13 de Junho de 1999
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Pamela lamenta fim da
CPI e quer ser vereadora

da Reportagem Local

A última quarta-feira foi "o dia mais triste" da vida de Pamela Marcondes, 10. Quando soube que os trabalhos da CPI da máfia da propina seriam encerrados na Câmara Municipal, ela foi para o banheiro em prantos. Depois, anunciou que um dia também estará trabalhando ali -quer ser vereadora- e não será corrupta.
Pamela é diferente das meninas de sua idade, interessa-se por política e fala como adulta, algumas vezes pela boca de sua madrinha, a publicitária Vera Azevedo, que repete tudo o que "a menina sempre diz em casa, mas fica com vergonha de dizer em público".
Desde que mandou sua cartinha ao presidente da CPI, José Eduardo Cardozo, há duas semanas, ela só voltou à escola uma vez, na última sexta-feira. Perdeu várias provas, mas as professoras estão colaborando com sua "causa" e mandando os testes para a sua casa.
Ela também virou ídolo na escola, sua foto está espalhada por vários murais. Na primeira entrevista que deu para a TV, os "amigos da rua" soltaram fogos. Depois dessa, deu várias outras, para todas as emissoras, vários jornais e revistas.
A família de Pamela chegou a receber uma proposta "de uma revista estrangeira" de US$ 50 mil para uma entrevista exclusiva, mas não aceitou. "Não queremos isso. Depois, se alguma empresa quiser fazer propaganda com ela, tudo bem, porque temos que pensar no futuro dela", disse Vera.
Pamela mora com sua mãe, Rose Marie Menna Barreto, em São Miguel Paulista, periferia de São Paulo. Rose foi abandonada pelo marido quando estava grávida e Pamela nunca conheceu o pai. Rose trabalha como vendedora de peças hidráulicas e é Vera quem paga colégio, livros e roupas.
Segundo Rose, nesta semana, Pamela vai ao Rio de Janeiro fazer um teste, que ela não sabe explicar o que é, na TV Globo. Na outra semana, pode se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Quanto à CPI, Pamela diz que continuará a fazer sua parte, dando entrevistas e participando de manifestações. "Eu queria que os vereadores corruptos fossem presos, mas liberados todas as manhãs para irem à Câmara trabalhar para ver se aprendem a lição e se fazem o aposto do que fizeram. Todo mundo tem o direito de se arrepender", diz.


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