São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2000


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Líder impõe lei do medo nas favelas

DA SUCURSAL DO RIO

Dentro do morro, o gerente do tráfico é um pequeno déspota, que impõe aos moradores sua própria lei. Protege ou mata de acordo com suas conveniências.
No passado, o traficante era associado em muitas comunidades ao "Charles Anjo 45" da música de Jorge Benjor, cantado como "defensor dos fracos e dos oprimidos, Robin Hood dos morros, rei da malandragem".
No morro do Juramento, Escadinha se tornou um ídolo amado e ao mesmo tempo temido pela população. No complexo do Alemão, Orlando Jogador reforçou a imagem do bandido que distribuía remédios e pagava enterros.
No Borel, Nelson da Silva, o Bill, organizava festas para os moradores. Mas punia quando queria: em 1992, mandou furar a tiros as mãos de 18 pessoas que estavam assaltando pedestres.
Até hoje há traficantes que protegem a população do morro, distribuindo cestas básicas, remédios e dinheiro. Mas o perfil de todos, em geral, é mais violento, especialmente se há guerra de quadrilhas pelo controle do tráfico.
"A gente fica entre a cruz e a espada. Para a população, é melhor que o tráfico fique nas mãos de gente conhecida, porque, quando vem alguém de fora, aí é que a gente sofre mesmo", afirma o presidente da associação de moradores do Borel, José Ivan Dias Brito, reticente ao falar do problema.
"A gente tenta fazer de conta que não vê", conta uma agente comunitária da Rocinha, obedecendo às leis que o tráfico impõe: medo e silêncio. (FE)





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