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Líder impõe lei do medo nas favelas
DA SUCURSAL DO RIO
Dentro do morro, o gerente do
tráfico é um pequeno déspota,
que impõe aos moradores sua
própria lei. Protege ou mata de
acordo com suas conveniências.
No passado, o traficante era associado em muitas comunidades
ao "Charles Anjo 45" da música
de Jorge Benjor, cantado como
"defensor dos fracos e dos oprimidos, Robin Hood dos morros,
rei da malandragem".
No morro do Juramento, Escadinha se tornou um ídolo amado
e ao mesmo tempo temido pela
população. No complexo do Alemão, Orlando Jogador reforçou a
imagem do bandido que distribuía remédios e pagava enterros.
No Borel, Nelson da Silva, o Bill,
organizava festas para os moradores. Mas punia quando queria:
em 1992, mandou furar a tiros as
mãos de 18 pessoas que estavam
assaltando pedestres.
Até hoje há traficantes que protegem a população do morro, distribuindo cestas básicas, remédios e dinheiro. Mas o perfil de todos, em geral, é mais violento, especialmente se há guerra de quadrilhas pelo controle do tráfico.
"A gente fica entre a cruz e a espada. Para a população, é melhor
que o tráfico fique nas mãos de
gente conhecida, porque, quando
vem alguém de fora, aí é que a
gente sofre mesmo", afirma o presidente da associação de moradores do Borel, José Ivan Dias Brito,
reticente ao falar do problema.
"A gente tenta fazer de conta
que não vê", conta uma agente comunitária da Rocinha, obedecendo às leis que o tráfico impõe: medo e silêncio.
(FE)
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