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SAÚDE
Faltam tratamento e prevenção para a doença renal
ALCINO BARBOSA JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA
Apenas 33% dos pacientes com
insuficiência renal crônica recebem tratamento adequado para a
doença. Os 67% restantes -cerca
de 100 mil doentes- morrem antes mesmo de iniciar a diálise.
A estimativa é da Sociedade
Brasileira de Nefrologia (SBN) e
faz parte de um dossiê sobre a realidade da doença renal crônica no
país, que será divulgado no 20º
Congresso Brasileiro de Nefrologia, no dia 22 de setembro.
A insuficiência renal crônica é a
perda irreversível das funções dos
rins. Suas causas principais, no
Brasil, são diabetes, hipertensão
arterial, inflamações e infecções
dos rins (veja quadro ao lado).
Os tratamentos disponíveis para a doença (diálise e transplante)
são considerados paliativos. "Eles
não curam os doentes. Somente a
prevenção é eficiente, porque evita ou retarda o surgimento da insuficiência", afirma João Egídio
Romão Júnior, supervisor da Unidade de Diálise do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
No entanto, o destino principal
das verbas de saúde tem sido o
tratamento. "Os 45 mil pacientes
em diálise no país consomem R$ 1
bilhão (5% do orçamento de saúde) e faltam recursos para a fase
preventiva do atendimento", afirma João Cézar Mendes Moreira,
presidente da SBN.
Segundo especialistas, a prevenção consiste em melhorar o atendimento aos doentes com diabetes, tratando adequadamente a
doença, o que retarda o aparecimento da insuficiência renal.
Também é preciso diagnosticar
os casos de hipertensão arterial
desconhecidos e usar as medicações próprias para a doença, que
evitam o surgimento do problema nos rins. Essas iniciativas são
mais baratas do que o tratamento
da insuficiência renal.
Existem 550 centros de diálise
para pacientes da rede pública de
saúde. "A qualidade do atendimento é de primeiro mundo na
maior parte deles", diz Maria Almerinda Ribeiro Alves, professora de nefrologia da Unicamp.
Porém, com exceção dos centros universitários, as demais unidades de diálise recebem apenas
os doentes que estão em estágio
avançado da doença.
"É preciso transformar os centros de diálise em serviços completos de nefrologia, atendendo
pacientes desde a fase inicial da
doença. Como a quantidade de
nefrologistas é pequena no país, a
atuação dos centros de diálise em
prevenção é fundamental", diz o
presidente da SBN.
Além disso, a capacitação dos
clínicos gerais não é suficiente para atender a todas as necessidades
dos doentes renais crônicos.
"Se os centros de diálise fossem
transformados em unidades de
nefrologia, eles poderiam receber
os pacientes que foram diagnosticados pelos postos de saúde, desenvolver um plano estratégico de
tratamento e devolver os doentes
para que os clínicos gerais dos
postos de saúde continuem o
atendimento baseado nesse plano", afirma Romão.
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