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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Desde terça, quando Liana Friedenbach ainda estava viva, rapaz era investigado; mais dois envolvidos em crime foram presos

Menor já era suspeito havia uma semana

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

A polícia já suspeitava havia pelo menos uma semana que o jovem de 16 anos preso por envolvimento no assassinato do casal de estudantes do colégio São Luís tivesse ligação com o caso.
O delegado seccional de Taboão da Serra (Grande SP), Sílvio Balangio, disse anteontem que o nome de R.A.A.C. já era estudado desde o início do desaparecimento dos namorados Liana Friedenbach, 16, e Felipe Silva Caffé, 19.
"A partir do momento em que o pai encontrou a barraca e alertou a polícia, nós já começamos a aventar as hipóteses de quem teria praticado, o grupo, quem milita na região. E inclusive o nome desse menor [R.A.A.C., o Xampinha] já era a suspeita."
Questionado sobre a demora da polícia em prender o rapaz, o delegado respondeu que tinha sido mal interpretado. "Ele [Xampinha] passou a ser [suspeito]. Só que ele se escondeu o tempo todo. O relato dele é que ele só saía da casa dessa pessoa que está detida [Aguinaldo Pires] à noite, e durante o dia ele ficava no quarto."
Ontem, um irmão de Felipe e seu melhor amigo também disseram ter sido informados pela polícia na terça retrasada -quando Liana ainda estava viva- de que o menor era procurado.
Apesar disso, a mãe de Xampinha disse ontem que seu filho apareceu em sua casa, no vilarejo de Santa Rita, na quarta-feira retrasada, horas após, segundo o próprio menor, Liana ter sido assassinada. "Não parecia que tinha acontecido nada", disse a mãe.
Ontem, a polícia anunciou o envolvimento de mais dois homens na morte dos estudantes. Um deles, Antonio Matias de Barros, 48, guardava a espingarda de caça usada para matar Felipe.
O outro suspeito, identificado como Antonio, seria caseiro do local que serviu como cativeiro para Liana. Ele morava em uma casa perto do cativeiro. Segundo policiais, foi ele o homem que contou em bares da região que Liana estava com o menor.
Os dois homens foram detidos na manhã de ontem. Barros já teve a prisão temporária decretada. Com eles, sobe para cinco o número de envolvidos. A polícia identificou os dois a partir das declarações do menor e de Aguinaldo Pires, preso anteontem.
O menor, preso na segunda-feira, confessou o crime e mostrou à polícia o lugar onde estavam os corpos. O pintor Paulo Cesar da Silva Marques, conhecido como Pernambuco, ainda está sendo procurado pela polícia.
A arma utilizada no assassinato, apreendida na casa de Barros, é uma espingarda usada para caça. A arma, que ainda será enviada à perícia, estava ontem nas mãos do delegado, durante uma apresentação à imprensa.
Com base nas versões de R. e de Pires, a polícia formulou uma versão. Segundo o delegado seccional de Taboão, Xampinha e Pernambuco teriam visto o casal no sábado, por volta das 11h. Decidiram chamar Pires e assaltar os jovens. Por volta das 18h, o trio teria abordado Felipe e Liana na barraca em que estavam, em um sítio na região de Embu-Guaçu.
Pelos depoimentos, eles não encontraram dinheiro com o casal e, por isso, decidiram esperar até domingo para decidir o que fazer. Segundo a polícia, Felipe foi morto no domingo: Pernambuco teria dado um tiro em sua nuca enquanto o grupo caminhava em uma trilha. Liana não teria visto a cena, mas ouviu o barulho do tiro.
Os acusados disseram que permaneceram com Liana para pedir um resgate. O grupo teria levado a estudante à casa de Antonio, onde foi mantida em cativeiro. Segundo Xampinha, ela tremia, chorava muito e perguntava pelo namorado. Segundo o delegado, a proximidade da polícia assustou o grupo e fez com que eles resolvessem matar a jovem.
Na versão da polícia, Pernambuco deu o primeiro golpe, com uma faca de cozinha, no pescoço. Xampinha desferiu então as outras 14 facadas. Depois, a faca teria sido jogada na mata.


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